GLOBO REPÓRTER – 30/05/2008
Exma. Mídia:
Assistindo a reportagem das proezas de pessoas que com sorte, saíram do nada para uma vida abastada e sabendo que são poucos no universo de pessoas existentes, me veio à mente a facilidade com que a mídia encontrou para mostrar um lado bem sucedido de uma minoria brasileira.Sabemos todos nós que a maioria vivem umas realidades diferentes, que mesmo lutando com todas as forças não conseguiram chegar lá impedidos na maior parte por injustiças e decepções sofridas. Até hoje com 47 anos de vida, nunca vi nenhum desses milhões... Receber destaque em algum canal de TV com tamanho valor ser mostrado ou reportado com tanta ênfase em um programa tradicional e famoso como o Globo Repórter, e, escrevo porque pertenço à classe desses milhões detentores de uma história diferente da mostrada com destaque em Rede Nacional em 30/05/2008. Sendo assim fica uma pergunta ainda sem resposta, porquê? Será meu mundo outro? Creio que não, pois sei que minha história, que é igual a muitas que existem e representa muito para mim, não seja de interesse das grandes reportagens ou até mesmo de opiniões defendidas por “valores” detentoras e patenteadas por grandes conglomerados de comunicação que com reportagens como a divulgada sexta-feira à noite na mídia, se abastece e ao mesmo tempo se sustenta na publicidade de incentivo do consumismo desenfreado seja o produto qual for, alimentando a ilusão e fantasia das pessoas, sendo assim catastrófico para a sociedade no despertamento da busca e cobiça... Sem precedentes daquilo que muitas vezes não se pode alcançar. Escrevo não como um desabafo, mas uma opinião de um cidadão brasileiro que como tantos outros tem uma opinião a ser defendida, mesmo assistindo, outras opiniões formadas e defendidas com unhas e dentes.
Obrigado.
Saturday, May 31, 2008
Wednesday, May 28, 2008
Crise bilateral em discussão
Os vice-chanceleres da Colômbia e do Equador, Camilo Reyes e José Valencia, se reuniram ontem no Panamá para encontrar uma solução definitiva à crise bilateral. A tensão começou em 1º de março, quando tropas colombianas invadiram o território equatoriano, para atacar um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), e mataram o guerrilheiro Raúl Reyes. Na semana passada, os chefes militares de ambos os países também se encontraram no Panamá, para decidir sobre o reestabelecimento da “cartilha se segurança” na fronteira.
Camilo Reyes e José Valencia já tinham conversado em 29 de abril (no Panamá) e em 13 de maio (em Lima), mas a crise persiste. Segundo o governo equatoriano, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, continua a acusar os vizinhos de serem cúmplices das Farc. As conversas iniciadas ontem também terão a participação de Víctor Rico, representante pessoal do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza.
Folha de São Paulo McCain quer acordo nuclear com Rússia
McCain quer acordo nuclear com Rússia
DANIEL BERGAMASCO - DE NOVA YORK
O senador John McCain, virtual candidato republicano à Presidência dos EUA, se distanciou da política internacional unilateralista do presidente George W. Bush ao defender ontem em discurso que os Estados Unidos busquem "parcerias" globais para redução do arsenal de armas nucleares.
No pronunciamento em Denver, Colorado, McCain defendeu especialmente a negociação com a Rússia para redução de armas nucleares e também citou a abertura de diálogo com a China sobre o tema.
"A Rússia e os Estados Unidos não são mais inimigos mortais. Como nossos dois países possuem a esmagadora maioria de armas nucleares do mundo, nós temos uma responsabilidade especial de reduzir esse número", declarou, em uma clara ruptura com pronunciamentos anteriores em que foi muito mais duro com o antigo rival dos anos de Guerra Fria.
Em outro momento, o senador afirmou que os EUA devem ser "um modelo para os outros". "Isso significa não apenas perseguir nossos próprios interesses, mas reconhecer que compartilhamos interesses com povos ao redor do planeta", disse McCain, para quem a abertura diplomática se baseia no "grande e permanente poder da América de liderar".
Diferente de Bush
O pronunciamento de ontem foi o segundo no qual o senador do Arizona enfatizou sua visão sobre diálogo multilateral distinta da de Bush -que apóia sua candidatura e participou à noite de evento para levantar fundos para a campanha.
Na primeira vez em que pontuou diferenças, há algumas semanas, o candidato declarou que, como presidente, estaria disposto a fazer concessões para combater o aquecimento global. Bush, por sua vez, é pouco flexível sobre o tema, tendo retirado o país do Protocolo de Kyoto, destinado a reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa.
Já na política internacional sobre armas, Bush rompeu em 2002 o Tratado Antimísseis Balísticos (TAB), criado em 1972, no qual países concordavam em não construir sistemas de defesa antimísseis.
"O que McCain disse no discurso sobre armas nucleares soa muito mais próximo da política do [ex-presidente Richard] Nixon e de George Bush pai, que defendiam que os EUA deveriam ser um modelo e, assim, liderar o mundo. É um retorno à maneira de liderar do Partido Republicano", disse à Folha Matthew Bunn, especialista em política internacional e proliferação nuclear da Universidade Harvard.
"Já Bush filho não se importa em dar exemplo a ninguém e adotou uma política que o distancia do resto do mundo, como você pode ver por Guantánamo", afirmou, citando a prisão em base militar que os EUA mantêm em Cuba para suspeitos de terrorismo e onde prisioneiros denunciaram a prática de tortura.
Protesto
No salão da Universidade de Denver onde McCain fez o discurso, o candidato foi interrompido algumas vezes por manifestantes contra a Guerra do Iraque, cuja continuidade é apoiada pelo candidato. Em resposta, McCain repetiu: "Eu nunca me renderei no Iraque".
McCain ainda citou a Coréia do Norte e o Irã, com os quais "é preciso ser mais rígido" na verificação de armas nucleares, e voltou a refutar a proposta do rival democrata Barack Obama de dialogar com países "hostis".
Folha de São Paulo Documento bilateral teve três revisões
DA REDAÇÃO
No seu discurso de ontem, McCain afirmou que apóia um novo acordo de redução de armas com a Rússia para substituir o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start, na sigla em inglês), que expira em 2009. O governo Bush tem se recusado a aceitar novos limites obrigatórios de redução dessas armas.
O Start, de 1991, visou a a redução do arsenal atômico das duas potências. Firmado meses antes do fim da União Soviética, foi visto como um pacto para encerrar a Guerra Fria.
O texto obrigava os dois lados a reduzirem em 35% seu estoque de armas nucleares de longo alcance, avaliado em 10 mil ogivas cada, em sete anos -a meta foi alcançada. O Start-2, que entrou em vigor em 1996, e o Start-3, de 1997, pretendem reduzir o estoque de ogivas para 2.000 de cada lado até 2012.
Segundo especialistas, os EUA dispõem hoje de pelo menos 5.300 ogivas operacionais e 5.000 em reserva. A Rússia teria 4.700 armas nucleares operacionais.
O Globo FAB muda 15% das rotas de helicópteros no Rio
Tiros contra aeronaves e aumento do tráfego aéreo são as causas; Aeronática estuda ainda outras alterações
Antônio Werneck, Fábio Vasconcellos e Taís Mendes
No ano passado, a Aeronáutica implantou no Rio novos corredores de circulação de helicópteros e alterou o desenho de algumas rotas, levando em conta a insegurança de pilotos e passageiros e também o aumento do volume de tráfico aéreo na Região Metropolitana. A informação foi revelada em nota pelo comando da Força Aérea Brasileira (FAB), admitindo que as alterações atingiram cerca de 15% do traçado, com o estabelecimento de novas altitudes, rumos e até novas rotas.
Ainda segundo a FAB, novas mudanças podem acontecer no espaço aéreo do Rio este ano. O assunto será discutido na reunião que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) realizará nos próximos meses, em data a ser definida. Na pauta de discussões, os "problemas relacionados com o movimento de aeronaves na região do Rio de Janeiro, a exemplo do que já aconteceu em São Paulo, em fevereiro deste ano", diz a nota. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou ontem a existência de registros na Gerência Regional (Ger 3) - como noticiou ontem O GLOBO - de helicópteros atingidos por balas quando sobrevoavam morros do subúrbio do Rio, em 2007.
Helicóptero foi atingido por bala na sexta-feira passada
Apesar das mudanças, um novo caso aconteceu na última sexta-feira: um helicóptero modelo esquilo AS 350 B, fabricado em 1986, foi atingido por uma bala de fuzil no tanque de combustível quando seguia, com seis pessoas, do Rio para Ibitipoca, em Minas Gerais. O incidente aconteceu por volta das 9h30m, na Vila Cruzeiro, no Complexo do Alemão, na Penha, a cerca de 500 pés de altitude (cerca de 160 metros a partir do ponto mais alto). A bala perfurou a fuselagem, atingiu o tanque de combustível e se alojou no banco a cerca de três centímetros de um dos passageiros.
Logo que percebeu que o aparelho havia sido atingido, o piloto entrou em contato com a torre de controle do Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, e foi autorizado a fazer um pouso de emergência. No helicóptero, além do piloto, não identificado, estavam o empresário Arthur Bahia; a mulher, a artista plástica Mucki Skowronski; o casal de empresários mineiros Renato e Cristina Machado; e a arquiteta Márcia Müller. Ninguém ficou ferido. A Polícia Civil abriu ontem à tarde inquérito para investigar o caso.
Governador recebeu e-mail da artista plástica
O governador Sérgio Cabral assegurou que vai continuar a enfrentar os criminosos, lembrando que os moradores do Complexo do Alemão também sofrem com a violência.
- Até conheço pessoalmente as pessoas que estavam no helicóptero e fiquei muito sentido. Imagino o pavor. Nosso objetivo é dar tranqüilidade à população, seja para quem anda de helicóptero, para quem anda a pé ou para quem mora nessas comunidades, os que mais sofrem. Recebi um e-mail da Mucki (referindo-se a artista plástica Mucki Skowronski, uma das passageiras) e ontem mesmo respondi. São meus amigos. Disse que sentia muito e que imaginava o terror que sentiram - afirmou o governador Sérgio Cabral.
Os vice-chanceleres da Colômbia e do Equador, Camilo Reyes e José Valencia, se reuniram ontem no Panamá para encontrar uma solução definitiva à crise bilateral. A tensão começou em 1º de março, quando tropas colombianas invadiram o território equatoriano, para atacar um acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), e mataram o guerrilheiro Raúl Reyes. Na semana passada, os chefes militares de ambos os países também se encontraram no Panamá, para decidir sobre o reestabelecimento da “cartilha se segurança” na fronteira.
Camilo Reyes e José Valencia já tinham conversado em 29 de abril (no Panamá) e em 13 de maio (em Lima), mas a crise persiste. Segundo o governo equatoriano, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, continua a acusar os vizinhos de serem cúmplices das Farc. As conversas iniciadas ontem também terão a participação de Víctor Rico, representante pessoal do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza.
Folha de São Paulo McCain quer acordo nuclear com Rússia
McCain quer acordo nuclear com Rússia
DANIEL BERGAMASCO - DE NOVA YORK
O senador John McCain, virtual candidato republicano à Presidência dos EUA, se distanciou da política internacional unilateralista do presidente George W. Bush ao defender ontem em discurso que os Estados Unidos busquem "parcerias" globais para redução do arsenal de armas nucleares.
No pronunciamento em Denver, Colorado, McCain defendeu especialmente a negociação com a Rússia para redução de armas nucleares e também citou a abertura de diálogo com a China sobre o tema.
"A Rússia e os Estados Unidos não são mais inimigos mortais. Como nossos dois países possuem a esmagadora maioria de armas nucleares do mundo, nós temos uma responsabilidade especial de reduzir esse número", declarou, em uma clara ruptura com pronunciamentos anteriores em que foi muito mais duro com o antigo rival dos anos de Guerra Fria.
Em outro momento, o senador afirmou que os EUA devem ser "um modelo para os outros". "Isso significa não apenas perseguir nossos próprios interesses, mas reconhecer que compartilhamos interesses com povos ao redor do planeta", disse McCain, para quem a abertura diplomática se baseia no "grande e permanente poder da América de liderar".
Diferente de Bush
O pronunciamento de ontem foi o segundo no qual o senador do Arizona enfatizou sua visão sobre diálogo multilateral distinta da de Bush -que apóia sua candidatura e participou à noite de evento para levantar fundos para a campanha.
Na primeira vez em que pontuou diferenças, há algumas semanas, o candidato declarou que, como presidente, estaria disposto a fazer concessões para combater o aquecimento global. Bush, por sua vez, é pouco flexível sobre o tema, tendo retirado o país do Protocolo de Kyoto, destinado a reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa.
Já na política internacional sobre armas, Bush rompeu em 2002 o Tratado Antimísseis Balísticos (TAB), criado em 1972, no qual países concordavam em não construir sistemas de defesa antimísseis.
"O que McCain disse no discurso sobre armas nucleares soa muito mais próximo da política do [ex-presidente Richard] Nixon e de George Bush pai, que defendiam que os EUA deveriam ser um modelo e, assim, liderar o mundo. É um retorno à maneira de liderar do Partido Republicano", disse à Folha Matthew Bunn, especialista em política internacional e proliferação nuclear da Universidade Harvard.
"Já Bush filho não se importa em dar exemplo a ninguém e adotou uma política que o distancia do resto do mundo, como você pode ver por Guantánamo", afirmou, citando a prisão em base militar que os EUA mantêm em Cuba para suspeitos de terrorismo e onde prisioneiros denunciaram a prática de tortura.
Protesto
No salão da Universidade de Denver onde McCain fez o discurso, o candidato foi interrompido algumas vezes por manifestantes contra a Guerra do Iraque, cuja continuidade é apoiada pelo candidato. Em resposta, McCain repetiu: "Eu nunca me renderei no Iraque".
McCain ainda citou a Coréia do Norte e o Irã, com os quais "é preciso ser mais rígido" na verificação de armas nucleares, e voltou a refutar a proposta do rival democrata Barack Obama de dialogar com países "hostis".
Folha de São Paulo Documento bilateral teve três revisões
DA REDAÇÃO
No seu discurso de ontem, McCain afirmou que apóia um novo acordo de redução de armas com a Rússia para substituir o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start, na sigla em inglês), que expira em 2009. O governo Bush tem se recusado a aceitar novos limites obrigatórios de redução dessas armas.
O Start, de 1991, visou a a redução do arsenal atômico das duas potências. Firmado meses antes do fim da União Soviética, foi visto como um pacto para encerrar a Guerra Fria.
O texto obrigava os dois lados a reduzirem em 35% seu estoque de armas nucleares de longo alcance, avaliado em 10 mil ogivas cada, em sete anos -a meta foi alcançada. O Start-2, que entrou em vigor em 1996, e o Start-3, de 1997, pretendem reduzir o estoque de ogivas para 2.000 de cada lado até 2012.
Segundo especialistas, os EUA dispõem hoje de pelo menos 5.300 ogivas operacionais e 5.000 em reserva. A Rússia teria 4.700 armas nucleares operacionais.
O Globo FAB muda 15% das rotas de helicópteros no Rio
Tiros contra aeronaves e aumento do tráfego aéreo são as causas; Aeronática estuda ainda outras alterações
Antônio Werneck, Fábio Vasconcellos e Taís Mendes
No ano passado, a Aeronáutica implantou no Rio novos corredores de circulação de helicópteros e alterou o desenho de algumas rotas, levando em conta a insegurança de pilotos e passageiros e também o aumento do volume de tráfico aéreo na Região Metropolitana. A informação foi revelada em nota pelo comando da Força Aérea Brasileira (FAB), admitindo que as alterações atingiram cerca de 15% do traçado, com o estabelecimento de novas altitudes, rumos e até novas rotas.
Ainda segundo a FAB, novas mudanças podem acontecer no espaço aéreo do Rio este ano. O assunto será discutido na reunião que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) realizará nos próximos meses, em data a ser definida. Na pauta de discussões, os "problemas relacionados com o movimento de aeronaves na região do Rio de Janeiro, a exemplo do que já aconteceu em São Paulo, em fevereiro deste ano", diz a nota. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou ontem a existência de registros na Gerência Regional (Ger 3) - como noticiou ontem O GLOBO - de helicópteros atingidos por balas quando sobrevoavam morros do subúrbio do Rio, em 2007.
Helicóptero foi atingido por bala na sexta-feira passada
Apesar das mudanças, um novo caso aconteceu na última sexta-feira: um helicóptero modelo esquilo AS 350 B, fabricado em 1986, foi atingido por uma bala de fuzil no tanque de combustível quando seguia, com seis pessoas, do Rio para Ibitipoca, em Minas Gerais. O incidente aconteceu por volta das 9h30m, na Vila Cruzeiro, no Complexo do Alemão, na Penha, a cerca de 500 pés de altitude (cerca de 160 metros a partir do ponto mais alto). A bala perfurou a fuselagem, atingiu o tanque de combustível e se alojou no banco a cerca de três centímetros de um dos passageiros.
Logo que percebeu que o aparelho havia sido atingido, o piloto entrou em contato com a torre de controle do Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, e foi autorizado a fazer um pouso de emergência. No helicóptero, além do piloto, não identificado, estavam o empresário Arthur Bahia; a mulher, a artista plástica Mucki Skowronski; o casal de empresários mineiros Renato e Cristina Machado; e a arquiteta Márcia Müller. Ninguém ficou ferido. A Polícia Civil abriu ontem à tarde inquérito para investigar o caso.
Governador recebeu e-mail da artista plástica
O governador Sérgio Cabral assegurou que vai continuar a enfrentar os criminosos, lembrando que os moradores do Complexo do Alemão também sofrem com a violência.
- Até conheço pessoalmente as pessoas que estavam no helicóptero e fiquei muito sentido. Imagino o pavor. Nosso objetivo é dar tranqüilidade à população, seja para quem anda de helicóptero, para quem anda a pé ou para quem mora nessas comunidades, os que mais sofrem. Recebi um e-mail da Mucki (referindo-se a artista plástica Mucki Skowronski, uma das passageiras) e ontem mesmo respondi. São meus amigos. Disse que sentia muito e que imaginava o terror que sentiram - afirmou o governador Sérgio Cabral.
Sunday, May 25, 2008
Lula tem encontro 'tenso' com Correa, Evo e Chávez
Antes da assinatura do tratado da Unasul, presidente equatoriano ainda fazia restrições a formato do acordo
O primeiro compromisso da agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem foi um café da manhã com os presidentes do Equador, Rafael Correa, da Bolívia, Evo Morales, e da Venezuela, Hugo Chávez, para garantir uma assinatura sem surpresas do trato constitutivo da União Sul-Americana de Nações (Unasul). Foi, na descrição de assessores presentes, um encontro “tenso”. Nos últimos momentos, às vésperas da assinatura definitiva, Correa ainda apresentou restrições ao formato do tratado.
Na estrutura final da Unasul, a secretaria-geral - que ficará no Equador - terá menos poder que o conselho de delegados e delegadas, sendo apenas a quarta instância de decisão. O presidente equatoriano acredita que os seus delegados não refletem fielmente as posições de seu governo. No entanto, o Equador não havia questionado seriamente a formatação final, porque o principal candidato a secretário-executivo da Unasul era o equatoriano Rodrigo Borja, que renunciou na última quinta-feira, mudando o quadro.
Corrêa foi convencido a abandonar os seus pleitos em nome da harmonia na Unasul e para não criar mais problemas em um acerto já complicado. O governo brasileiro já esperava um revés em relação ao anúncio da criação de um conselho de defesa na Unasul, rejeitado pela Colômbia e visto com reservas por outros países da região, o que dava mostras de um relacionamento ainda muito complicado.
CONSTRANGIMENTO
Em 2005, durante outro encontro em Brasília, Lula teve de passar pelo constrangimento de ver o presidente venezuelano negar-se em público a assinar a declaração final dos presidentes que previa criação da Comunidade Sul-Americana de Nações - o primeiro nome da Unasul -, depois de um dia inteiro de negociações.
Naquela ocasião, Chávez exigia que o debate continuasse até que todos chegassem a um consenso sobre o tratado constitutivo. Diante da imprensa, o venezuelano passou um pito no chanceler brasileiro, Celso Amorim, que tentou convencê-lo a assinar a declaração.
Coube ao presidente Lula a tarefa de apaziguar Chávez e convencê-lo sobre a importância de assinar o documento
O Estado de São Paulo
Adesão de vizinhos deve demorar 5 anos
Entidade pretende se expandir para América Central e para o Caribe
A União Sul-Americana de Nações (Unasul) terá um período de carência de cinco anos até começar a agregar vizinhos da América Central e do Caribe que venham a se interessar pelo processo de integração. Otimistas, os negociadores do documento previram que os pedidos de adesão vão aparecer.
O texto prevê que só os países que tenham passado quatro anos na condição de Estados Associados poderão se candidatar. A adesão será decidida por consenso pelos presidentes. O documento firmado ontem pelos 12 países não impõe a vigência da democracia plena como condição para a permanência no grupo.
A estrutura de decisão da Unasul repetiu, com alguma flexibilidade, a do Mercosul. No tratado, curiosamente, todas as autoridades são mencionadas nos gêneros feminino e masculino. O comando estará nas mãos do conselho de “chefes e chefas” de Estado. Abaixo, estará o conselho de “ministros e ministras” de Relações Exteriores. Na negociação para valer, estará o conselho de “delegados e delegadas” e, por fim, a secretaria-geral - o órgão executivo com poder minguado, como no Mercosul, que terá sua sede em Quito (Equador). A cada ano, um país presidirá a Unasul. Desde ontem, é a vez do Chile.
A pressão de Bolívia, Venezuela e Equador para criação imediata de um Parlamento Sul-Americano, com sede em Cochabamba, foi diplomaticamente podada. O tratado prevê que a formação dessa Casa será objeto de protocolo adicional. O texto firmado ontem deverá entrar em vigor 30 dias depois de nove países, no mínimo, terem ratificado o tratado nos seus Congressos.
O Estado de São Paulo
Jefferson Péres morre aos 76
Senador do PDT, cuja marca principal era a defesa da ética na política, teve um enfarte em casa, em Manaus
Vítima de um enfarte fulminante, o senador Jefferson Péres (PDT-AM), reconhecido pela permanente briga no Congresso em defesa da ética, morreu ontem, por volta das 6 horas, em sua casa, no bairro Adrianópolis, em Manaus. Aos 76 anos, o parlamentar tinha atuação dura, relatou casos rumorosos - como a cassação do ex-senador Luiz Estevão e um processo contra o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) - e era forte crítico do governo Lula, apesar de o seu partido integrar a base aliada. Sua morte foi lamentada no meio político, com manifestações das principais expressões nacionais.
A mulher do senador, a juíza aposentada Marlídice de Souza Carpinteiro Péres, de 60 anos, disse que o senador acordou no horário habitual, por volta das 5h30, tomou café e desceu as escadas de sua casa, de dois andares, para apagar as luzes do jardim. Não fez a costumeira caminhada ao redor da piscina, exercício que praticava todas as manhãs. Ao retornar para o quarto, sentou-se na cama e reclamou de forte dor no peito. “Estou passando mal”, disse.
Marlídice chamou o médico da família, César Cortez, mas não houve tempo para prestar socorro. “Ele era hipertenso arterial. Teve enfarte agudo fulminante, que causa parada cardíaca e respiratória”, explicou o médico. A mulher e dois filhos do senador, Ronald e Roger, estavam em casa. O terceiro filho, Rômulo, estava nos Estados Unidos, a passeio, e tentava ontem retornar a Manaus.
Líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM) acompanhou Péres em sua última viagem de Brasília para Manaus. “Ele aparentava estar muito bem”, contou o tucano. Durante o vôo, conversaram sobre política, filmes e literatura. Eles desembarcaram na capital amazonense às 13h30 de quinta-feira. Naquela tarde, Péres acessou sites de notícias, colocou em dia artigos que publicava em jornais e organizou a agenda. “Foi um nome que o Amazonas doou para o País. Uma referência de ética e de moralidade”, lamentou Virgílio, ao saber da morte.
O velório movimentou ontem o Centro Cultural Palácio Rio Negro, antiga sede do governo do Amazonas. O enterro será hoje, às 16 horas, no cemitério São João Batista, no bairro Adrianópolis, onde Péres morava. O governo estadual decretou luto por três dias. No Senado, a bandeira ficará a meio mastro por esse mesmo período.
REPERCUSSÃO
Ultimamente, Péres defendia abertamente uma ampla investigação sobre as suspeitas envolvendo o deputado Paulinho Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força, filiado ao seu partido. Da mesma forma, criticava o governo Lula, embora seu partido componha a base aliada no Congresso.
A notícia de sua morte se espalhou e levou ao Congresso, em plena sexta-feira pós-feriado, todos os senadores que estavam em Brasília. O presidente do Congresso, Garibaldi Alves (PMDB-RN), foi imediatamente à Casa, abriu a sessão consternado e referiu-se ao pedetista como um “um senador franzino e pequenino que se agigantava” na defesa da democracia.
“Perdemos um grande senador, grande homem público, um homem dedicado à defesa da democracia, um dos sustentáculos da coluna vertebral do Senado”, discursou Garibaldi. “Foi-se um guerreiro de luta e coerência. É uma perda muito difícil”, disse a senadora petista Serys Slhessarenko (MT).
“Essa morte, de chofre, nos deixa a todos consternados. Péres foi um companheiro altivo, independente, que sempre mereceu o nosso respeito, até quando discordávamos dele. Era um homem íntegro, probo e um baixinho que provou que tamanho não é documento”, afirmou o senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC).
Também senador pelo Amazonas, João Pedro (PT) era um dos mais emocionados. “Fui vereador com ele nos dois mandatos em Manaus e também fomos eleitos senadores juntos. O Amazonas perde muito pelo homem público que era o senador Jefferson Peres, referência nacional. Senador franco, duro, exigente, mas profundamente ético”, afirmou.
Médico, o senador Mão Santa (PMDB-PI) disse que o colega não tinha “perfil” para ser vítima de enfarte. Funcionários do gabinete de Péres receberam centenas de telefonemas de solidariedade. “A saúde estava em dia”, afirmou um assessor.
REPERCUSSÃO
José Serra (PSDB)
Governador de São Paulo
“Ele era um conselheiro. Pessoalmente, eu perco um amigo e alguém que sempre me incentivou na luta política. Jefferson foi dos nossos
melhores senadores e melhores integrantes do Congresso. Era um homem firme, sereno, de convicções democráticas profundas, muito bem preparado”
José Múcio Monteiro
Ministro das Relações Institucionais
“A democracia amanhece empobrecida. Jefferson Péres foi um homem que
pautou a sua vida pelos princípios da ética e da moralidade”
Nelson Jobim
Ministro da Defesa
“Era um homem importante, um grande amigo. Desempenhava um papel
dentro do Senado que tinha uma funcionalidade muito forte. É uma grande perda”
Carlos Lupi
Ministro do Trabalho e ex-presidente do PDT
“Travou batalhas inesquecíveis, colocando sempre em primeiro plano seu amor e sua ferrenha defesa aos princípios básicos da ética política”
Marco Aurélio Garcia
Assessor especial da Presidência
“Em alguns momentos tivemos divergências sobre política externa, mas,mesmo que eu discordasse de alguns pontos de vista dele, obviamente que ele queria o melhor para o Brasil”
Gilmar Mendes
Presidente do STF
“Era um homem extremamente correto, probo e dedicado às causas e interesses do País”
Aécio Neves (PSDB)
Governador de Minas Gerais
“Jefferson Péres entra para a história brasileira como um dos homens que honraram a atuação como parlamentar levando às últimas conseqüências a honrosa tarefa de representar com altivez seus conterrâneos”
Geraldo Alckmin (PSDB)
Ex-governador de São Paulo
“Ao longo de sua vida, Jefferson Péres não apenas defendeu os legítimos interesses da população do Amazonas, mas exerceu a política com ética e honra, tornando-se, assim, uma referência para o Senado, o Congresso e o Brasil”
Paulo Pereira da Silva (SP)
Deputado e presidente nacional do PDT
“Ele dedicou sua vida em prol do bem público, era um homem íntegro e referência ética no Congresso”
Garibaldi Alves
Presidente do Senado
“Perdemos um grande senador, um grande homem público, um homem dedicado à defesa da democracia e que era um dos sustentáculos da coluna vertebral do Senado. Era um grande peregrino em defesa da ética”
Cristovam Buarque
Senador pelo PDT-DF
“Com o falecimento do senador Jefferson Péres morre também a moral da política brasileira”
Serys Slhessarenko
Senadora pelo PT-MT
“Foi-se um guerreiro de luta e coerência. Para nós, é uma perda muito grande, muito difícil”
Mozart Valadares Pires
Presidente da AMB
“Símbolo da independência política, o senador lutou pela democracia durante toda a sua carreira com uma postura ética irrepreensível”
O Estado de São Paulo
Violência se espalha e chega à Cidade do Cabo
Confrontos xenófobos na capital legislativa da África do Sul matam 1 estrangeiro e obrigam 420 a fugir
A violência contra imigrantes, que teve início há duas semanas na periferia de Johannesburgo e já deixou 43 mortos, espalhou-se ontem até a Cidade do Cabo - capital legislativa da África do Sul -, no litoral do país.
Um somali foi morto e mais de 15 agressores foram presos em confrontos durante a madrugada. A polícia retirou 420 imigrantes das favelas da cidade, para evitar novos conflitos. Dezenas de lojas e casas foram destruídas. “Conseguimos estabilizar a área por volta das 2 horas. Agora, há 200 policiais e membros da Guarda Nacional no local”, disse o chefe da polícia, Billy Jones, à CNN.
Os imigrantes foram retirados da periferia da Cidade do Cabo em ônibus da prefeitura e levados para centros comunitários e igrejas. Eles fugiram depois de terem sido ameaçados por multidões - que se formaram após um encontro no qual se buscava formas de aliviar a tensão.
Segundo Jones, o somali - cujo nome não foi divulgado - foi morto ao ser atropelado por um carro, quando tentava fugir de um grupo armado com facões. Outros 12 imigrantes ficaram feridos.
Os ataques contra estrangeiros - especialmente de países vizinhos como Zimbábue e Moçambique - já obrigaram 28 mil a abandonar suas casas. Muitos estão retornando para seus países.
ÊXODO
A leva de imigrantes de volta para casa fez com que o governo de Moçambique decretasse ontem estado de emergência e liberasse verba extraordinária para lidar com a situação. O chanceler Oldemiro Baloi disse que a decisão foi tomada após 10 mil moçambicanos terem voltado da África do Sul.
Só na quinta-feira, 620 moçambicanos chegaram a Maputo, vindos de Johannesburgo. Para Baloi, “o êxodo vai piorar” quando milhares de pessoas em fuga conseguirem encontrar um meio de transporte para retornar ao país.
Muitos sul-africanos pobres acusam os estrangeiros de roubar seus empregos, provocar a falta de moradia e fomentar a violência nas grandes cidades. Há cerca de 5 milhões de imigrantes na África do Sul - 3 milhões são zimbabuanos.
Organizações humanitárias informam agora a preocupação com um novo risco para os imigrantes: doenças contagiosas estão se espalhando pelos acampamentos onde eles estão abrigados.
Bianca Tolboom, da ONG francesa Médicos Sem Fronteiras, disse que os campos estão superlotados e há problemas no acesso à água potável. “Algumas pessoas ficam ao ar livre, sem agasalhos. Uma das principais preocupações são epidemias de doenças respiratórias, infecções e diarréia”, disse.
Antes da assinatura do tratado da Unasul, presidente equatoriano ainda fazia restrições a formato do acordo
O primeiro compromisso da agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem foi um café da manhã com os presidentes do Equador, Rafael Correa, da Bolívia, Evo Morales, e da Venezuela, Hugo Chávez, para garantir uma assinatura sem surpresas do trato constitutivo da União Sul-Americana de Nações (Unasul). Foi, na descrição de assessores presentes, um encontro “tenso”. Nos últimos momentos, às vésperas da assinatura definitiva, Correa ainda apresentou restrições ao formato do tratado.
Na estrutura final da Unasul, a secretaria-geral - que ficará no Equador - terá menos poder que o conselho de delegados e delegadas, sendo apenas a quarta instância de decisão. O presidente equatoriano acredita que os seus delegados não refletem fielmente as posições de seu governo. No entanto, o Equador não havia questionado seriamente a formatação final, porque o principal candidato a secretário-executivo da Unasul era o equatoriano Rodrigo Borja, que renunciou na última quinta-feira, mudando o quadro.
Corrêa foi convencido a abandonar os seus pleitos em nome da harmonia na Unasul e para não criar mais problemas em um acerto já complicado. O governo brasileiro já esperava um revés em relação ao anúncio da criação de um conselho de defesa na Unasul, rejeitado pela Colômbia e visto com reservas por outros países da região, o que dava mostras de um relacionamento ainda muito complicado.
CONSTRANGIMENTO
Em 2005, durante outro encontro em Brasília, Lula teve de passar pelo constrangimento de ver o presidente venezuelano negar-se em público a assinar a declaração final dos presidentes que previa criação da Comunidade Sul-Americana de Nações - o primeiro nome da Unasul -, depois de um dia inteiro de negociações.
Naquela ocasião, Chávez exigia que o debate continuasse até que todos chegassem a um consenso sobre o tratado constitutivo. Diante da imprensa, o venezuelano passou um pito no chanceler brasileiro, Celso Amorim, que tentou convencê-lo a assinar a declaração.
Coube ao presidente Lula a tarefa de apaziguar Chávez e convencê-lo sobre a importância de assinar o documento
O Estado de São Paulo
Adesão de vizinhos deve demorar 5 anos
Entidade pretende se expandir para América Central e para o Caribe
A União Sul-Americana de Nações (Unasul) terá um período de carência de cinco anos até começar a agregar vizinhos da América Central e do Caribe que venham a se interessar pelo processo de integração. Otimistas, os negociadores do documento previram que os pedidos de adesão vão aparecer.
O texto prevê que só os países que tenham passado quatro anos na condição de Estados Associados poderão se candidatar. A adesão será decidida por consenso pelos presidentes. O documento firmado ontem pelos 12 países não impõe a vigência da democracia plena como condição para a permanência no grupo.
A estrutura de decisão da Unasul repetiu, com alguma flexibilidade, a do Mercosul. No tratado, curiosamente, todas as autoridades são mencionadas nos gêneros feminino e masculino. O comando estará nas mãos do conselho de “chefes e chefas” de Estado. Abaixo, estará o conselho de “ministros e ministras” de Relações Exteriores. Na negociação para valer, estará o conselho de “delegados e delegadas” e, por fim, a secretaria-geral - o órgão executivo com poder minguado, como no Mercosul, que terá sua sede em Quito (Equador). A cada ano, um país presidirá a Unasul. Desde ontem, é a vez do Chile.
A pressão de Bolívia, Venezuela e Equador para criação imediata de um Parlamento Sul-Americano, com sede em Cochabamba, foi diplomaticamente podada. O tratado prevê que a formação dessa Casa será objeto de protocolo adicional. O texto firmado ontem deverá entrar em vigor 30 dias depois de nove países, no mínimo, terem ratificado o tratado nos seus Congressos.
O Estado de São Paulo
Jefferson Péres morre aos 76
Senador do PDT, cuja marca principal era a defesa da ética na política, teve um enfarte em casa, em Manaus
Vítima de um enfarte fulminante, o senador Jefferson Péres (PDT-AM), reconhecido pela permanente briga no Congresso em defesa da ética, morreu ontem, por volta das 6 horas, em sua casa, no bairro Adrianópolis, em Manaus. Aos 76 anos, o parlamentar tinha atuação dura, relatou casos rumorosos - como a cassação do ex-senador Luiz Estevão e um processo contra o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) - e era forte crítico do governo Lula, apesar de o seu partido integrar a base aliada. Sua morte foi lamentada no meio político, com manifestações das principais expressões nacionais.
A mulher do senador, a juíza aposentada Marlídice de Souza Carpinteiro Péres, de 60 anos, disse que o senador acordou no horário habitual, por volta das 5h30, tomou café e desceu as escadas de sua casa, de dois andares, para apagar as luzes do jardim. Não fez a costumeira caminhada ao redor da piscina, exercício que praticava todas as manhãs. Ao retornar para o quarto, sentou-se na cama e reclamou de forte dor no peito. “Estou passando mal”, disse.
Marlídice chamou o médico da família, César Cortez, mas não houve tempo para prestar socorro. “Ele era hipertenso arterial. Teve enfarte agudo fulminante, que causa parada cardíaca e respiratória”, explicou o médico. A mulher e dois filhos do senador, Ronald e Roger, estavam em casa. O terceiro filho, Rômulo, estava nos Estados Unidos, a passeio, e tentava ontem retornar a Manaus.
Líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM) acompanhou Péres em sua última viagem de Brasília para Manaus. “Ele aparentava estar muito bem”, contou o tucano. Durante o vôo, conversaram sobre política, filmes e literatura. Eles desembarcaram na capital amazonense às 13h30 de quinta-feira. Naquela tarde, Péres acessou sites de notícias, colocou em dia artigos que publicava em jornais e organizou a agenda. “Foi um nome que o Amazonas doou para o País. Uma referência de ética e de moralidade”, lamentou Virgílio, ao saber da morte.
O velório movimentou ontem o Centro Cultural Palácio Rio Negro, antiga sede do governo do Amazonas. O enterro será hoje, às 16 horas, no cemitério São João Batista, no bairro Adrianópolis, onde Péres morava. O governo estadual decretou luto por três dias. No Senado, a bandeira ficará a meio mastro por esse mesmo período.
REPERCUSSÃO
Ultimamente, Péres defendia abertamente uma ampla investigação sobre as suspeitas envolvendo o deputado Paulinho Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força, filiado ao seu partido. Da mesma forma, criticava o governo Lula, embora seu partido componha a base aliada no Congresso.
A notícia de sua morte se espalhou e levou ao Congresso, em plena sexta-feira pós-feriado, todos os senadores que estavam em Brasília. O presidente do Congresso, Garibaldi Alves (PMDB-RN), foi imediatamente à Casa, abriu a sessão consternado e referiu-se ao pedetista como um “um senador franzino e pequenino que se agigantava” na defesa da democracia.
“Perdemos um grande senador, grande homem público, um homem dedicado à defesa da democracia, um dos sustentáculos da coluna vertebral do Senado”, discursou Garibaldi. “Foi-se um guerreiro de luta e coerência. É uma perda muito difícil”, disse a senadora petista Serys Slhessarenko (MT).
“Essa morte, de chofre, nos deixa a todos consternados. Péres foi um companheiro altivo, independente, que sempre mereceu o nosso respeito, até quando discordávamos dele. Era um homem íntegro, probo e um baixinho que provou que tamanho não é documento”, afirmou o senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC).
Também senador pelo Amazonas, João Pedro (PT) era um dos mais emocionados. “Fui vereador com ele nos dois mandatos em Manaus e também fomos eleitos senadores juntos. O Amazonas perde muito pelo homem público que era o senador Jefferson Peres, referência nacional. Senador franco, duro, exigente, mas profundamente ético”, afirmou.
Médico, o senador Mão Santa (PMDB-PI) disse que o colega não tinha “perfil” para ser vítima de enfarte. Funcionários do gabinete de Péres receberam centenas de telefonemas de solidariedade. “A saúde estava em dia”, afirmou um assessor.
REPERCUSSÃO
José Serra (PSDB)
Governador de São Paulo
“Ele era um conselheiro. Pessoalmente, eu perco um amigo e alguém que sempre me incentivou na luta política. Jefferson foi dos nossos
melhores senadores e melhores integrantes do Congresso. Era um homem firme, sereno, de convicções democráticas profundas, muito bem preparado”
José Múcio Monteiro
Ministro das Relações Institucionais
“A democracia amanhece empobrecida. Jefferson Péres foi um homem que
pautou a sua vida pelos princípios da ética e da moralidade”
Nelson Jobim
Ministro da Defesa
“Era um homem importante, um grande amigo. Desempenhava um papel
dentro do Senado que tinha uma funcionalidade muito forte. É uma grande perda”
Carlos Lupi
Ministro do Trabalho e ex-presidente do PDT
“Travou batalhas inesquecíveis, colocando sempre em primeiro plano seu amor e sua ferrenha defesa aos princípios básicos da ética política”
Marco Aurélio Garcia
Assessor especial da Presidência
“Em alguns momentos tivemos divergências sobre política externa, mas,mesmo que eu discordasse de alguns pontos de vista dele, obviamente que ele queria o melhor para o Brasil”
Gilmar Mendes
Presidente do STF
“Era um homem extremamente correto, probo e dedicado às causas e interesses do País”
Aécio Neves (PSDB)
Governador de Minas Gerais
“Jefferson Péres entra para a história brasileira como um dos homens que honraram a atuação como parlamentar levando às últimas conseqüências a honrosa tarefa de representar com altivez seus conterrâneos”
Geraldo Alckmin (PSDB)
Ex-governador de São Paulo
“Ao longo de sua vida, Jefferson Péres não apenas defendeu os legítimos interesses da população do Amazonas, mas exerceu a política com ética e honra, tornando-se, assim, uma referência para o Senado, o Congresso e o Brasil”
Paulo Pereira da Silva (SP)
Deputado e presidente nacional do PDT
“Ele dedicou sua vida em prol do bem público, era um homem íntegro e referência ética no Congresso”
Garibaldi Alves
Presidente do Senado
“Perdemos um grande senador, um grande homem público, um homem dedicado à defesa da democracia e que era um dos sustentáculos da coluna vertebral do Senado. Era um grande peregrino em defesa da ética”
Cristovam Buarque
Senador pelo PDT-DF
“Com o falecimento do senador Jefferson Péres morre também a moral da política brasileira”
Serys Slhessarenko
Senadora pelo PT-MT
“Foi-se um guerreiro de luta e coerência. Para nós, é uma perda muito grande, muito difícil”
Mozart Valadares Pires
Presidente da AMB
“Símbolo da independência política, o senador lutou pela democracia durante toda a sua carreira com uma postura ética irrepreensível”
O Estado de São Paulo
Violência se espalha e chega à Cidade do Cabo
Confrontos xenófobos na capital legislativa da África do Sul matam 1 estrangeiro e obrigam 420 a fugir
A violência contra imigrantes, que teve início há duas semanas na periferia de Johannesburgo e já deixou 43 mortos, espalhou-se ontem até a Cidade do Cabo - capital legislativa da África do Sul -, no litoral do país.
Um somali foi morto e mais de 15 agressores foram presos em confrontos durante a madrugada. A polícia retirou 420 imigrantes das favelas da cidade, para evitar novos conflitos. Dezenas de lojas e casas foram destruídas. “Conseguimos estabilizar a área por volta das 2 horas. Agora, há 200 policiais e membros da Guarda Nacional no local”, disse o chefe da polícia, Billy Jones, à CNN.
Os imigrantes foram retirados da periferia da Cidade do Cabo em ônibus da prefeitura e levados para centros comunitários e igrejas. Eles fugiram depois de terem sido ameaçados por multidões - que se formaram após um encontro no qual se buscava formas de aliviar a tensão.
Segundo Jones, o somali - cujo nome não foi divulgado - foi morto ao ser atropelado por um carro, quando tentava fugir de um grupo armado com facões. Outros 12 imigrantes ficaram feridos.
Os ataques contra estrangeiros - especialmente de países vizinhos como Zimbábue e Moçambique - já obrigaram 28 mil a abandonar suas casas. Muitos estão retornando para seus países.
ÊXODO
A leva de imigrantes de volta para casa fez com que o governo de Moçambique decretasse ontem estado de emergência e liberasse verba extraordinária para lidar com a situação. O chanceler Oldemiro Baloi disse que a decisão foi tomada após 10 mil moçambicanos terem voltado da África do Sul.
Só na quinta-feira, 620 moçambicanos chegaram a Maputo, vindos de Johannesburgo. Para Baloi, “o êxodo vai piorar” quando milhares de pessoas em fuga conseguirem encontrar um meio de transporte para retornar ao país.
Muitos sul-africanos pobres acusam os estrangeiros de roubar seus empregos, provocar a falta de moradia e fomentar a violência nas grandes cidades. Há cerca de 5 milhões de imigrantes na África do Sul - 3 milhões são zimbabuanos.
Organizações humanitárias informam agora a preocupação com um novo risco para os imigrantes: doenças contagiosas estão se espalhando pelos acampamentos onde eles estão abrigados.
Bianca Tolboom, da ONG francesa Médicos Sem Fronteiras, disse que os campos estão superlotados e há problemas no acesso à água potável. “Algumas pessoas ficam ao ar livre, sem agasalhos. Uma das principais preocupações são epidemias de doenças respiratórias, infecções e diarréia”, disse.
Thursday, May 22, 2008
Temporão recorre ao Exército
Ministro anuncia que pedirá ajuda às Forças Armadas para levar médicos a 200 municípios na fronteira do país. Ao todo, mil cidades brasileiras não têm nenhum profissional da área à disposição
Da Redação
Os habitantes dos rincões do Brasil que contam apenas com benzedeiras e ervas medicinais para curar seus males podem ter, finalmente, o direito constitucional de saúde garantido. O Ministério da Saúde quer levar médicos para cerca de 200 municípios na fronteira do Brasil onde não existem profissionais da área. Para suprir a falta do principal responsável pela promoção da saúde da população, o ministro José Gomes Temporão quer recorrer ao Exército e à Marinha. Mas o Conselho Federal de Medicina (CFM) lembra que o déficit de médicos não é por falta de pessoal, mas pela falta de uma política de promoção do segmento.
“No total, temos mil municípios sem médicos”, observou ontem Temporão, que promete para junho a finalização de uma proposta em discussão no governo para resolver a deficiência na área. Temporão disse que a Saúde está negociando com o Ministério da Defesa para que as Forças Armadas fiquem encarregadas de dar assistência médica a 20% das cidades que não dispõem de médicos. “Principalmente as que ficam nas fronteiras, mediante um repasse de recursos. Temos de chegar a essas pessoas de alguma forma”, ressalta.
O Ministério da Defesa já atua no atendimento a comunidades distantes. Em regiões da Amazônia onde só se chega de barco ou avião, por exemplo, a Força Nacional Terrestre monta hospitais de campanha e realiza atendimentos médicos. Já a Marinha atua por meio de embarcações de assistência hospitalar. Na semana passada, o navio Oswaldo Cruz concluiu atendimento a 20 comunidades ribeirinhas do Vale do Javari. Segundo informações do Comando do 9º Distrito Naval da Marinha, em Manaus, foram realizados 4,7 mil procedimentos de saúde como atendimentos médicos, odontológicos, de enfermagem e vacinação.
Déficit
A declaração do ministro foi feita no dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um estudo constatando que a falta de médicos chega a 4,3 milhões no mundo. Segundo o levantamento, um dos principais problemas seria a falta de investimentos dos países em desenvolvimento. Segundo o ministro Temporão, está em estudo a criação de uma nova carreira no sistema público para atrair médicos para essas regiões mais remotas.
“É só fazer concurso público com perspectivas profissionais que vai ter médico nos rincões do país”, dispara o integrante do Conselho Federal de Medicina (CFM) Geraldo Guedes, coordenador da Comissão Nacional Pró-SUS do conselho. “Carreira de estado como juiz e promotor vai para essas regiões porque tem perspectiva de ir para locais melhores depois de cumprir um tempo de serviço. As Forças Armadas vão cobrir um espaço onde o Estado se omitiu. Falta políticas de incentivo e o governo sabe disso”, diz.
Segundo Guedes, o CFM entregou ao Ministério da Saúde no ano passado uma análise da situação do atendimento médico no país. “Constatamos uma situação de falência da área. Além da fronteira, falta profissional de saúde na periferia das grandes cidades. Em março deste ano mandamos carta para o presidente Lula. De que adianta médico sem estrutura para trabalhar com dignidade”, ressalta. Dados do conselho mostram que o Brasil conta com 319 mil médicos. “Temos uma boa relação de médicos por número de habitantes no país. O problema está na distribuição geográfica da categoria porque o mercado é o único instrumento de distribuição de profissionais hoje”, explica Guedes. Estima-se que 75% dos 186 milhões de habitantes do país recorrem ao Sistema Único de Saúde (SUS). “São 140 milhões de pessoas que dependem de atendimento médico da prevenção à alta complexidade, já que apenas 40 milhões de brasileiros têm plano de saúde”, destaca o médico.
Folha de São Paulo TURISMO
Velha prisão foi transformada em três museus
Além de instalações da Marinha, a Argentina reforçou o povoado de Ushuaia com a construção de uma prisão -os prisioneiros foram encarregados das obras civis- que funcionou entre 1902 e 1947.
Ela era reservada a prisioneiros perigosos. Mas há versões de que o cantor Carlos Gardel (1890-1935), antes de iniciar a carreira artística, tenha sido um pensionista forçado das instalações.
A prisão virou hoje três museus, ao lado de um pequeno e interessante Museu da Marinha.
O primeiro é sobre a vida na colônia penal. E os dois outros, espaços para exposições de artes plásticas. (JBN)
Folha de São Paulo BRASIL
Minc diz que devastação cresceu e põe culpa em MT
O mais recente estudo do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) sobre desmatamento na Amazônia responsabilizará o Estado de Mato Grosso por mais de 60% das ocorrências, disse Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente.
Os detalhes do estudo serão conhecidos na semana que vem, afirmou Minc, que esteve reunido no Rio com a cúpula do Inpe. Mesmo sem se aprofundar no assunto, o novo ministro usou as conclusões do instituto para criticar o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), que o atacara na véspera.
"Segunda-feira agora, o Inpe vai divulgar uma nova estatística de desmatamento de terra. (...) Vai ser um dado ruim, vai ser um dado de aumento. E, para variar, mais de 60% em qual Estado? Quem sabe? Mato Grosso", disse Minc, na entrevista concedida na Secretaria do Ambiente do Estado do Rio.
O ministro sugeriu a Blairo que passe a atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"O governador Blairo Maggi é um homem público. Como todo homem público, tem que assumir responsabilidades. (...) Não quero impor nada a ninguém. Pelo contrário, estou chegando agora. (...) O presidente Lula disse OK [à proposta da guarda ambiental]. A partir de agora o Blairo não deve brigar comigo, deve brigar com o presidente", disse Minc, que toma posse na terça.
O novo ministro voltou a defender mais rapidez nos licenciamentos, em resposta ao futuro presidente do Ibama, Roberto Messias Franco, que disse à Folha não ver motivos para agilizar a emissão das licenças. Segundo Minc, Messias Franco aceitou o cargo "nesses termos". O ideal, segundo ele, é que 10% do tempo dos funcionários do Ibama encarregados de licenciamento seja dedicado à análise da "burocracia", para "focar 90% no que interessa".
Para o ministro, "há dois caminhos para resolver bem a questão do agronegócio". Um é o que chama de zoneamento econômico-ecológico, que interessa "ao pessoal mais avançado do agronegócio" porque "dá uma regra clara: aqui pode, aqui não". O outro é "um setor que é atrasadíssimo, que está convertendo a Amazônia em pasto". Reiterou ser contra energia nuclear e a construção de Angra 3, mas como o governo já decidiu por ela, acatará a decisão sem questionamentos.
O Globo O PAÍS
Brasil quer criar Conselho de Defesa
Proposta será debatida em reunião de países sul-americanos amanhã
BRASÍLIA. Com o argumento de que é sempre mais fácil resolver os problemas conversando de forma pacífica, com base no diálogo construtivo, o governo brasileiro trabalha para que, na reunião de presidentes da América do Sul, que acontecerá amanhã, em Brasília, seja criado o Conselho de Defesa Sul-Americano. A proposta foi levada pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, aos países da região e, segundo o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a expectativa é que a idéia receba a adesão das nações sul-americanas:
- Estamos confiantes. Isso só será benéfico para todos. Permitirá a discussão de temas e o esclarecimento de situações equívocas - disse Amorim, após participar de uma audiência pública no Senado. - Esperamos a adesão de todos.
Os chefes de Estado que estarão reunidos em Brasília vão assinar o tratado constitutivo da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). O Conselho de Defesa, explicou o ministro das Relações Exteriores, deverá ser criado em um ato à parte.
Algumas questões deverão ser discutidas, como a crise desencadeada pela incursão de tropas colombianas no Equador - quando foram mortos dezenas de guerrilheiros, entre eles o segundo homem das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Raúl Reyes - e a necessidade de cooperação entre os exércitos dos países amazônicos, para preservar a Floresta Amazônica e proteger os povos que nela vivem.
O objetivo é promover uma articulação de políticas regionais de defesa, a organização de exercícios conjuntos e a harmonização de forças de paz. Outra diretriz consiste em uma aproximação entre as indústrias, o que poderia resultar na produção e exportação conjunta de armamento, veículos e equipamentos em geral da indústria bélica. O assunto foi tratado ontem por Jobim e o presidente Lula.
Fontes do Ministério da Defesa disseram que há respaldo para a criação do conselho de todos os países sul-americanos, "uns mais entusiastas que outros", caso da Colômbia, que ainda está analisando o tema. Uma das alternativas para agradar os colombianos é escolher Bogotá como sede do conselho.
Brasil informou aos EUA sobre proposta do conselho
As explicações sobre o Conselho de Defesa foram dadas ao governo dos Estados Unidos. Fontes da área diplomática comentaram que a Casa Branca estaria convencida de que a investida brasileira tem como alvo a cooperação, a amizade, a resposta mais rápida aos desastres naturais, as missões de país e o combate ao narcotráfico.
O Globo O PAÍS
Pressão mantém reajustes de servidores
Governo manda projeto de lei ao Congresso, mas não retira MPs da pauta
BRASÍLIA. Pressionado de um lado pelo Congresso - que reclama do excesso de medidas provisórias - e de outro pela equipe econômica - que diz não ter folga de caixa para novas despesas -, o governo encontrou uma saída intermediária para manter o reajuste salarial dos servidores públicos, principalmente dos militares. O Planalto resolveu mandar ainda ontem um projeto de lei para o Congresso, com urgência urgentíssima, abrindo crédito extraordinário de R$7,6 bilhões, para custear o reajuste. No entanto, as medidas provisórias que tratam dos dois assuntos não serão retiradas, como sugeriam os líderes do governo na noite de terça-feira. Só depois que o Congresso aprovar o projeto, será revogada a medida provisória do crédito extraordinário.
A retirada da medida provisória do crédito extraordinário, negociada pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), com os líderes partidários, foi rechaçada pelos ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Nelson Jobim (Defesa). Anteontem à noite, Jobim teve um diálogo ríspido com o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, que apoiou a iniciativa de Jucá. Jobim não quer contratempos que inviabilizem o aumento dos militares.
- Durante a noite, recebi um telefonema do ministro Nelson Jobim dizendo que a medida provisória e seus efeitos já estavam em vigor. Portanto, ela continua vigendo. Com o envio do projeto de lei, o que está acontecendo não sofrerá solução de continuidade, porque tem a proteção da MP - afirmou Múcio.
Num primeiro momento, Jucá sugeriu a substituição das duas MPs por projeto de lei. Depois, propôs que somente a medida provisória do crédito extraordinário fosse retirada, mas Paulo Bernardo argumentou que, se isso fosse feito, não haveria dinheiro para bancar os reajustes. O projeto de lei vai tramitar em regime de urgência constitucional - terá 45 dias para ser votado na Câmara e no Senado.
- Nós mandamos o crédito porque o volume de receita que está no Orçamento não é suficiente (para custear o aumento salarial). Se eu retirar o crédito, não tem dinheiro no Orçamento para dar o reajuste - afirmou Paulo Bernardo, fazendo prevalecer a proposta de manter as duas MPs tramitando até a votação do projeto de lei.
O reajuste beneficiará 17 categorias de servidores federais - 800 mil pessoas - e os militares das Forças Armadas. O aumento dos servidores civis vai custar R$3,4 bilhões. Os percentuais de aumento dos civis são variados: na Polícia Federal, por exemplo, o menor é de 11,05% e o maior, 101,97%. Nas carreiras da Previdência, Saúde e Trabalho chega a 137%. O impacto do aumento dos militares, entre 35,31% e 137,83%, é de R$4,2 bilhões. Os reajustes serão parcelados em três anos.
O Globo O PAÍS
A 'casca de banana atômica'
O licenciamento ambiental da usina de Angra 3 virou, nas palavras de Carlos Minc, "uma casca de banana atômica". Ontem, ele foi obrigado a deixar o histórico de opositor à energia nuclear e adotou um discurso político, de quem discorda mas precisa aceitar as condições impostas pelo governo. Minc disse acreditar que "o Brasil é a terra do sol, dos ventos e da biomassa". Mas deixou claro que não pretende se desgastar com o governo federal por isso.
- Sou conhecido por ser adversário do uso da energia nuclear, como o Fernando Gabeira, a Marina Silva e vários outros. Só que sou do governo. Quando o assunto foi votado no Conselho Nacional de Energia, a ex-ministra votou contra e foi voto vencido. Se estivesse lá, votaria como ela - disse Minc. - Até espero que a maior parte das nossas bandeiras sejam aprovadas pelo governo. Mas não tenho a pretensão de ser um cara mimado, que quer impor sua posição em todos os casos. O licenciamento será tratado com o rigor da lei e das compensações ambientais. (T.B.)
O Globo O PAÍS
Mais indústrias na floresta
Mangabeira expõe planos para Amazônia e é aclamado por ruralistas
Evandro Éboli
BRASÍLIA. O ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, saiu da Câmara ontem elogiado por representantes da bancada ruralista depois de expor seus planos para a Amazônia. No mesmo dia em que o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, admitiu que o desmatamento voltou a crescer, Mangabeira disse ser preciso vincular a floresta à indústria, instalando na Amazônia empresas que transformem os produtos florestais. Para alegria de parlamentares ligados ao agronegócio e a madeireiros, ele defendeu a instalação de indústrias na região e a flexibilização do direito de propriedade privada.
Mangabeira, coordenador do Plano Amazônia Sustentável (PAS), ressaltou que não se pode ver a região como um santuário intocável sem o desenvolvimento de ações produtivas, e defendeu alternativas "ambientalmente seguras e economicamente viáveis":
- O que a população da Amazônia mais quer é oportunidade de emprego. É preciso criar meios práticos para efetivar essa aspiração.
"Faltaram visão econômica e segurança jurídica"
Também disse que, se a população da região, os pequenos produtores e os extrativistas não tiverem oportunidades e instrumentos econômicos, "serão levados mesmo a desmatar". O ministro afirmou, em audiência na Comissão da Amazônia, que as duas principais atividades econômicas na região são a produção da Zona Franca de Manaus e a mineração no Pará.
- São atividades econômicas que têm pouco a ver com a floresta.
O ministro citou várias vezes a necessidade de se fazer o zoneamento econômico e ecológico da Amazônia, um levantamento cartográfico que irá não apenas identificar os diversos biomas da Amazônia, mas apontar a exploração econômica mais adequada para cada região.
- Há muito tempo se fala nesse zoneamento. Fala-se muito e faz-se muito menos. Faltaram visão econômica e segurança jurídica.
Mangabeira disse que é preciso resolver o problema fundiário da Amazônia, onde proprietários de terra não têm a titulação da área. Ele disse que esse fator gera insegurança jurídica:
- É preciso uma revisão do arcabouço jurídico. Nenhum país continental resolveu isso sem simplificar o direito de propriedade. É necessário sair da situação de posse insegura para a posse segura da terra.
O ministro elogiou recente decisão do governo de dispensar licitação para transferência de terras para particulares, mas considerou esta medida ainda insuficiente.
- É preciso mais. Tem que se permitir a quem goza da posse da terra que goze também das prerrogativas da propriedade.
Mangabeira defendeu o pagamento de uma remuneração específica para pequenos produtores e extrativistas, segundo ele uma espécie de compensação mensal pela vigilância da terra.
A audiência não chegou ao fim. O ministro tinha um compromisso e teve que se retirar, o que irritou alguns parlamentares.
- É uma deselegância isso. Nós também temos compromissos e os deixamos de lado para comparecer aqui e não só para ouvir, mas também para falar - protestou Márcio Junqueira (DEM-RR), ligado ao líder arrozeiro Paulo César Quartiero.
"É bom saber que o senhor tem outra visão", comemora ruralista
O ministro pediu desculpas e comprometeu-se a retornar.
Deputados ligados a fazendeiros e madeireiros, como Giovanni Queiroz (PDT-PA), parabenizaram o ministro:
- O Ministério do Meio Ambiente tem sido omisso e acomodado. Que bom saber que o senhor tem outra visão e pretende tirar a Amazônia do estrangulamento econômico que vive.
- O fundamentalismo está sendo substituído pela inteligência - disse Nilson Pinto (PSDB-PA).
O Globo O PAÍS
POLÍTICA AMBIENTAL
Minc: desmatamento aumentou
Tulio Brandão e Anselmo Carvalho Pinto
Em resposta a Maggi, ministro diz que Mato Grosso é maior responsável por avanço da devastação
- Na próxima segunda, o Inpe vai divulgar dados estatísticos de desmatamento em tempo real. Vai ser um dado ruim, de aumento. E, para variar, mais de 60% em que estado? Em Mato Grosso - disse o ministro.
De acordo com a assessoria do Inpe, o sistema Deter, divulgado mensalmente, é sujeito a imprecisões por não ter resolução suficiente para identificar desmatamentos menores que 25 hectares e sofrer com a influência das nuvens. Nem toda área de corte de árvores é identificada. Segundo o instituto, a possibilidade de observação em Mato Grosso aumentou muito de março para abril, já que apenas 14% da área daquele estado esteve sob nuvens no mês anterior.
O levantamento de desmatamento mensal é feito pelo Inpe desde maio de 2004, com dados do sensor Modis, do satélite Terra/Aqua, e do Sensor WFI do satélite CBERS, de resolução de 250 metros. Segundo o instituto, há uma possibilidade remota de os dados completos do mês de abril serem divulgados amanhã.
Governo de MT estranha dados
No último levantamento do Deter divulgado pelo Inpe, relativo a março, mais da metade dos pontos de desmatamento identificados na Amazônia já estavam em Mato Grosso - 27 de 52. Minc disse ontem, durante entrevista de apresentação da nova secretária do Ambiente do Rio, Marilene Ramos, que Maggi terá que assumir responsabilidades com o presidente Lula. O presidente já teria autorizado Minc a solicitar aos governadores o uso da PM no combate a crimes ambientais.
- Estou chegando agora, não quero criar polêmica. Eu conversei inicialmente sobre o Exército. O ministro Tarso Genro (Justiça) sugeriu o outro caminho (da PM), explicou que era mais simples. Levamos a questão ao Lula, que deu o OK. A partir de agora, o Blairo não deve brigar comigo, e sim com o presidente Lula, que já bateu o martelo - afirmou o novo ministro.
O governo de Mato Grosso reagiu à declaração de Minc sobre o aumento do desmatamento. O secretário-adjunto de Qualidade Ambiental, Salatiel Alves de Araújo, estranhou a divulgação dos dados pelo novo ministro:
- Essas informações são estranhas. Estão totalmente desconexas com a metodologia utilizada pelo Inpe. Estamos averiguando para saber que números novos são esses.
Segundo Araújo, o Inpe não tabulou o desmate dos primeiros meses de 2007, o que impediria comparação com o mesmo período em 2008:
- Ele (Minc) fala em aumento nos primeiros cinco meses do ano, mas maio nem terminou. É estranho.
O governo de Mato Grosso insiste que, ao contrário do que tem sido informado, o desmatamento no estado diminuiu nos últimos cinco anos. Em seu favor, usa os números do Inpe consolidados pelo Prodes, de monitoramento da Amazônia por satélite. Segundo o Prodes, a área devastada no estado caiu de 11.814 km² entre 2003 e 2004 para 2.476 km² entre 2006 e 2007. Os dados são de agosto a agosto.
O secretário também contesta a divulgação pelo ministério de dados do Deter, como dados consolidados:
- O Deter serve para mostrar indícios de desmatamento. O Prodes é o número final, com o qual dá para fazer comparações entre um ano e outro.
O Globo ECONOMIA
YES, NÓS TEMOS ENERGIA
Descobertas a toque de caixa
Ramona Ordoñez e Juliana Rangel
Petrobras anuncia mais óleo no pré-sal em corrida contra o tempo para garantir blocos
APetrobras anunciou ontem mais uma descoberta em águas ultraprofundas na Bacia de Santos, abaixo da camada de sal, numa área batizada de Bem-te-vi. Foi o sexto anúncio desde o ano passado. Segundo uma fonte da estatal, a companhia corre contra o tempo: com só três sondas capazes de perfurar em grande profundidade, precisa confirmar a existência de petróleo ou gás nos sete blocos no pré-sal de Santos antes do vencimento dos contratos de concessão que tem com a Agência Nacional do Petróleo (ANP). A maioria vence até outubro. Os blocos têm de ser devolvidos à ANP, se não houver descobertas até lá.
Em consórcio no qual é operadora e sócia da Shell e da portuguesa Galp Energia, a Petrobras descobriu petróleo de boa qualidade, em um poço no bloco BMS-8, a 250 km da costa de São Paulo e a uma profundidade total de 6.773 metros. A estatal não divulgou estimativas de reservas.
Segundo a fonte, a Petrobras identifica indícios de petróleo e desloca a sonda para outro bloco, ganhando mais prazo para apresentar à ANP seu plano de avaliação. Um dos fatores importantes na descoberta de ontem é que o petróleo está a mais de 6 mil metros, contra os 5 mil de Tupi, Júpiter e Carioca - quanto a este, o presidente da ANP, Haroldo Lima, declarou mês passado que as reservas seriam de 33 bilhões de barris, o que foi desmentido pela Petrobras.
- Descemos a uma profundidade maior e a estrutura de petróleo continua, é bem extensa - disse a fonte.
Descobertas podem formar único campo
Já se descobriram indícios também no BMS-21 (Caramba) e no BMS-10 (Parati). Uma das sondas está indo para a área Yara, no BMS-11, onde fica Tupi. Outra está em Carioca, e a terceira vai para o BMS-24, onde fica Júpiter. No BMS-22, operado pela Exxon em consórcio com a Petrobras, ainda não foram feitas descobertas.
Cogita-se que todas as áreas do pré-sal de Santos formam um único campo, com até 50 bilhões de barris de óleo recuperável. Segundo o geólogo Giuseppe Bacoccoli, da Coppe/UFRJ, acreditava-se que o maior campo do mundo - Gawar, na Arábia Saudita - fossem vários campos em separado e, depois, constatou-se que era um só.
- Como se trata de uma área contígua a Tupi, qualquer coisa que seja descoberta no entorno vai deixar o mercado animado - diz o analista Felipe Cunha, da Brascan.
As ações preferenciais da Petrobras (PN, sem direito a voto) fecharam a R$52,51, com alta de 1,64%. As ações ordinárias (ON) subiram 1,3%, para R$62,30. Em sete dias, as ações PN avançaram 13,41% e as ON, 12,53%.
A expectativa do anúncio da descoberta, feita após o fechamento do mercado no Brasil, impulsionou as ações de parceiras da Petrobras no exterior. Em Nova York, as ações da Shell avançaram 2,51%, enquanto as ADRs da Petrobras, 1,46%. Em Portugal, as ações da Galp Energia subiram 3,9%. Anteontem, o presidente-executivo da Galp, Manuel Ferreira de Oliveira, afirmara, ao anunciar lucros acima do esperado, que os desdobramentos das perfurações em Bem-te-vi seriam anunciados em breve.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ontem que a Petrobras seja "o motor do desenvolvimento brasileiro", comprando máquinas e insumos do mercado nacional.
- A Petrobras vai crescer muito, e eu quero que os navios, as plataformas e as sondas sejam todos produzidos aqui, gerando mais empregos e mais renda - disse Lula, no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), segundo participantes.
Durante o dia, a Petrobras chegou a superar a General Electric (GE) como quinta maior empresa do mundo, com valor de mercado de US$313,8 bilhões. A GE caiu 2,3% em Nova York, o que reduziu seu valor para US$308,9 bilhões. Mas no fechamento da Bovespa, a estatal voltou a US$307,8 bilhões.
O Globo ECONOMIA
BB negocia compra do banco paulista Nossa Caixa
Objetivo da instituição é liderar mercado em São Paulo, onde ocupa o 4º lugar. Analista estima operação em pelo menos R$9 bi
Aguinaldo Novo, Henrique Gomes Batista e Geralda D
BRASÍLIA e SÃO PAULO. Buscando desbancar a concorrência no mercado paulista - no qual, apesar de líder nacional, amarga a quarta posição -, o Banco do Brasil (BB) anunciou ontem à noite que iniciou negociações para a compra da Nossa Caixa. O banco, controlado pelo governo de São Paulo, tem ativos de R$47,431 bilhões - que renderam lucro líquido de R$114,9 milhões no primeiro trimestre deste ano, 31% a mais do que no mesmo período de 2007 - e 5,7 milhões de clientes. A operação depende de aval da Assembléia Legislativa de São Paulo.
A Nossa Caixa é vista no mercado como "a grande jóia" entre os bancos estaduais. Seu principal trunfo são as receitas provenientes da administração da folha de pagamento do governo paulista, cujo direito foi comprado em 2007 por R$2 bilhões.
O presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, estima que o BB teria de gastar na operação entre 3 e 3,5 vezes o patrimônio líquido da Nossa Caixa (R$2,9 bilhões), o que corresponderia a pelo menos R$9 bilhões.
A intenção do negócio, sem prazo para conclusão, foi informada em fato relevante enviado à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
- Essa postura faz parte de uma estratégia adotada desde o ano passado, com as negociações para a incorporação do Besc (banco estadual catarinense) e do BRB (do governo do Distrito Federal). Mas também tivemos outras ações, como abertura de uma diretoria de cartão de crédito, que nos possibilita oferecê-los aos não-clientes, criação do financiamento imobiliário e reforço em nossa presença no financiamento de veículos - afirmou Antonio Lima Neto, presidente do BB.
Segundo ele, a aquisição levaria o BB a disputar a liderança do mercado paulista:
- O estado é a arena bancária mais competitiva do país.
Na semana passada, o BB anunciou que absorverá o Banco Popular, subsidiária criada em 2003 para atender a baixa renda e que nunca obteve lucros.
Segundo Lima Neto, as tratativas iniciais foram técnicas e sem conversas diretas com o governador José Serra (PSDB).
O Globo O MUNDO
Líbano: acordo põe fim a crise
Hezbollah terá poder de veto em decisões do governo e lei eleitoral será modificada
TEL AVIV. Após seis dias de diálogo em Doha, no Qatar, representantes do governo libanês e da oposição, liderada pelo grupo xiita Hezbollah, chegaram a um acordo para pôr fim a 18 meses de crise que deixaram o Líbano à beira de uma guerra civil. Numa negociação mediada pela Liga Árabe, o documento final prevê reformas eleitorais e a nomeação de um novo presidentes, além de dar poder de veto à oposição. O acordo é considerado por analistas uma vitória do Hezbollah após uma violenta demonstração de força que paralisou o país há duas semanas.
O Parlamento libanês convocou uma sessão para domingo para nomear o comandante do Exército, o general Michel Suleiman, presidente, cargo vago há seis meses. A coalizão de maioria sunita que sustenta o premier, Fuad Siniora, formará um governo de união nacional.
Coalizão no poder terá 14 dos 30 ministros, oposição 11
O documento determina que a coalizão 14 de Março vai manter 14 das 30 pastas do Gabinete e o poder de escolher o premier. A oposição fica com 11 ministros, e outros três serão escolhidos pelo presidente. O acordo também prevê a discussão de novas leis eleitorais que garantam maior representatividade aos 18 grupos étnicos e religiosos do Líbano nas próximas eleições, ano que vem. Em troca, os opositores garantiram que não vão recorrer às armas em caso de novas divergências políticas.
Irã e Síria, que apóiam o Hezbollah, elogiaram o acordo. Mas analistas temem que as concessões feitas ao grupo podem afetar a credibilidade do 14 de Março, e ainda há ceticismo quanto à estabilidade do país. Há poucos dias, o líder do partido Mustaqbal, Saad Hariri, garantiu aos libaneses não estar disposto a revogar as medidas tomadas contra o grupo radical. Ontem, horas após a assinatura da resolução, Hariri comemorou, afirmando que o entendimento era uma vitória que colocaria o Líbano numa nova era.
O país está sem presidente desde novembro de 2007, quando Emile Lahoud, pró-Síria, deixou o cargo. A crise se agravou há duas semanas, quando o governo anunciou medidas para investigar o Hezbollah. O grupo respondeu com protestos que se transformaram em confrontos entre milícias governistas e oposicionistas em diversos pontos do Líbano. Pelo menos 65 pessoas morreram. (R.M.)
Ministro anuncia que pedirá ajuda às Forças Armadas para levar médicos a 200 municípios na fronteira do país. Ao todo, mil cidades brasileiras não têm nenhum profissional da área à disposição
Da Redação
Os habitantes dos rincões do Brasil que contam apenas com benzedeiras e ervas medicinais para curar seus males podem ter, finalmente, o direito constitucional de saúde garantido. O Ministério da Saúde quer levar médicos para cerca de 200 municípios na fronteira do Brasil onde não existem profissionais da área. Para suprir a falta do principal responsável pela promoção da saúde da população, o ministro José Gomes Temporão quer recorrer ao Exército e à Marinha. Mas o Conselho Federal de Medicina (CFM) lembra que o déficit de médicos não é por falta de pessoal, mas pela falta de uma política de promoção do segmento.
“No total, temos mil municípios sem médicos”, observou ontem Temporão, que promete para junho a finalização de uma proposta em discussão no governo para resolver a deficiência na área. Temporão disse que a Saúde está negociando com o Ministério da Defesa para que as Forças Armadas fiquem encarregadas de dar assistência médica a 20% das cidades que não dispõem de médicos. “Principalmente as que ficam nas fronteiras, mediante um repasse de recursos. Temos de chegar a essas pessoas de alguma forma”, ressalta.
O Ministério da Defesa já atua no atendimento a comunidades distantes. Em regiões da Amazônia onde só se chega de barco ou avião, por exemplo, a Força Nacional Terrestre monta hospitais de campanha e realiza atendimentos médicos. Já a Marinha atua por meio de embarcações de assistência hospitalar. Na semana passada, o navio Oswaldo Cruz concluiu atendimento a 20 comunidades ribeirinhas do Vale do Javari. Segundo informações do Comando do 9º Distrito Naval da Marinha, em Manaus, foram realizados 4,7 mil procedimentos de saúde como atendimentos médicos, odontológicos, de enfermagem e vacinação.
Déficit
A declaração do ministro foi feita no dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um estudo constatando que a falta de médicos chega a 4,3 milhões no mundo. Segundo o levantamento, um dos principais problemas seria a falta de investimentos dos países em desenvolvimento. Segundo o ministro Temporão, está em estudo a criação de uma nova carreira no sistema público para atrair médicos para essas regiões mais remotas.
“É só fazer concurso público com perspectivas profissionais que vai ter médico nos rincões do país”, dispara o integrante do Conselho Federal de Medicina (CFM) Geraldo Guedes, coordenador da Comissão Nacional Pró-SUS do conselho. “Carreira de estado como juiz e promotor vai para essas regiões porque tem perspectiva de ir para locais melhores depois de cumprir um tempo de serviço. As Forças Armadas vão cobrir um espaço onde o Estado se omitiu. Falta políticas de incentivo e o governo sabe disso”, diz.
Segundo Guedes, o CFM entregou ao Ministério da Saúde no ano passado uma análise da situação do atendimento médico no país. “Constatamos uma situação de falência da área. Além da fronteira, falta profissional de saúde na periferia das grandes cidades. Em março deste ano mandamos carta para o presidente Lula. De que adianta médico sem estrutura para trabalhar com dignidade”, ressalta. Dados do conselho mostram que o Brasil conta com 319 mil médicos. “Temos uma boa relação de médicos por número de habitantes no país. O problema está na distribuição geográfica da categoria porque o mercado é o único instrumento de distribuição de profissionais hoje”, explica Guedes. Estima-se que 75% dos 186 milhões de habitantes do país recorrem ao Sistema Único de Saúde (SUS). “São 140 milhões de pessoas que dependem de atendimento médico da prevenção à alta complexidade, já que apenas 40 milhões de brasileiros têm plano de saúde”, destaca o médico.
Folha de São Paulo TURISMO
Velha prisão foi transformada em três museus
Além de instalações da Marinha, a Argentina reforçou o povoado de Ushuaia com a construção de uma prisão -os prisioneiros foram encarregados das obras civis- que funcionou entre 1902 e 1947.
Ela era reservada a prisioneiros perigosos. Mas há versões de que o cantor Carlos Gardel (1890-1935), antes de iniciar a carreira artística, tenha sido um pensionista forçado das instalações.
A prisão virou hoje três museus, ao lado de um pequeno e interessante Museu da Marinha.
O primeiro é sobre a vida na colônia penal. E os dois outros, espaços para exposições de artes plásticas. (JBN)
Folha de São Paulo BRASIL
Minc diz que devastação cresceu e põe culpa em MT
O mais recente estudo do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) sobre desmatamento na Amazônia responsabilizará o Estado de Mato Grosso por mais de 60% das ocorrências, disse Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente.
Os detalhes do estudo serão conhecidos na semana que vem, afirmou Minc, que esteve reunido no Rio com a cúpula do Inpe. Mesmo sem se aprofundar no assunto, o novo ministro usou as conclusões do instituto para criticar o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), que o atacara na véspera.
"Segunda-feira agora, o Inpe vai divulgar uma nova estatística de desmatamento de terra. (...) Vai ser um dado ruim, vai ser um dado de aumento. E, para variar, mais de 60% em qual Estado? Quem sabe? Mato Grosso", disse Minc, na entrevista concedida na Secretaria do Ambiente do Estado do Rio.
O ministro sugeriu a Blairo que passe a atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"O governador Blairo Maggi é um homem público. Como todo homem público, tem que assumir responsabilidades. (...) Não quero impor nada a ninguém. Pelo contrário, estou chegando agora. (...) O presidente Lula disse OK [à proposta da guarda ambiental]. A partir de agora o Blairo não deve brigar comigo, deve brigar com o presidente", disse Minc, que toma posse na terça.
O novo ministro voltou a defender mais rapidez nos licenciamentos, em resposta ao futuro presidente do Ibama, Roberto Messias Franco, que disse à Folha não ver motivos para agilizar a emissão das licenças. Segundo Minc, Messias Franco aceitou o cargo "nesses termos". O ideal, segundo ele, é que 10% do tempo dos funcionários do Ibama encarregados de licenciamento seja dedicado à análise da "burocracia", para "focar 90% no que interessa".
Para o ministro, "há dois caminhos para resolver bem a questão do agronegócio". Um é o que chama de zoneamento econômico-ecológico, que interessa "ao pessoal mais avançado do agronegócio" porque "dá uma regra clara: aqui pode, aqui não". O outro é "um setor que é atrasadíssimo, que está convertendo a Amazônia em pasto". Reiterou ser contra energia nuclear e a construção de Angra 3, mas como o governo já decidiu por ela, acatará a decisão sem questionamentos.
O Globo O PAÍS
Brasil quer criar Conselho de Defesa
Proposta será debatida em reunião de países sul-americanos amanhã
BRASÍLIA. Com o argumento de que é sempre mais fácil resolver os problemas conversando de forma pacífica, com base no diálogo construtivo, o governo brasileiro trabalha para que, na reunião de presidentes da América do Sul, que acontecerá amanhã, em Brasília, seja criado o Conselho de Defesa Sul-Americano. A proposta foi levada pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, aos países da região e, segundo o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a expectativa é que a idéia receba a adesão das nações sul-americanas:
- Estamos confiantes. Isso só será benéfico para todos. Permitirá a discussão de temas e o esclarecimento de situações equívocas - disse Amorim, após participar de uma audiência pública no Senado. - Esperamos a adesão de todos.
Os chefes de Estado que estarão reunidos em Brasília vão assinar o tratado constitutivo da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). O Conselho de Defesa, explicou o ministro das Relações Exteriores, deverá ser criado em um ato à parte.
Algumas questões deverão ser discutidas, como a crise desencadeada pela incursão de tropas colombianas no Equador - quando foram mortos dezenas de guerrilheiros, entre eles o segundo homem das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Raúl Reyes - e a necessidade de cooperação entre os exércitos dos países amazônicos, para preservar a Floresta Amazônica e proteger os povos que nela vivem.
O objetivo é promover uma articulação de políticas regionais de defesa, a organização de exercícios conjuntos e a harmonização de forças de paz. Outra diretriz consiste em uma aproximação entre as indústrias, o que poderia resultar na produção e exportação conjunta de armamento, veículos e equipamentos em geral da indústria bélica. O assunto foi tratado ontem por Jobim e o presidente Lula.
Fontes do Ministério da Defesa disseram que há respaldo para a criação do conselho de todos os países sul-americanos, "uns mais entusiastas que outros", caso da Colômbia, que ainda está analisando o tema. Uma das alternativas para agradar os colombianos é escolher Bogotá como sede do conselho.
Brasil informou aos EUA sobre proposta do conselho
As explicações sobre o Conselho de Defesa foram dadas ao governo dos Estados Unidos. Fontes da área diplomática comentaram que a Casa Branca estaria convencida de que a investida brasileira tem como alvo a cooperação, a amizade, a resposta mais rápida aos desastres naturais, as missões de país e o combate ao narcotráfico.
O Globo O PAÍS
Pressão mantém reajustes de servidores
Governo manda projeto de lei ao Congresso, mas não retira MPs da pauta
BRASÍLIA. Pressionado de um lado pelo Congresso - que reclama do excesso de medidas provisórias - e de outro pela equipe econômica - que diz não ter folga de caixa para novas despesas -, o governo encontrou uma saída intermediária para manter o reajuste salarial dos servidores públicos, principalmente dos militares. O Planalto resolveu mandar ainda ontem um projeto de lei para o Congresso, com urgência urgentíssima, abrindo crédito extraordinário de R$7,6 bilhões, para custear o reajuste. No entanto, as medidas provisórias que tratam dos dois assuntos não serão retiradas, como sugeriam os líderes do governo na noite de terça-feira. Só depois que o Congresso aprovar o projeto, será revogada a medida provisória do crédito extraordinário.
A retirada da medida provisória do crédito extraordinário, negociada pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), com os líderes partidários, foi rechaçada pelos ministros Paulo Bernardo (Planejamento) e Nelson Jobim (Defesa). Anteontem à noite, Jobim teve um diálogo ríspido com o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, que apoiou a iniciativa de Jucá. Jobim não quer contratempos que inviabilizem o aumento dos militares.
- Durante a noite, recebi um telefonema do ministro Nelson Jobim dizendo que a medida provisória e seus efeitos já estavam em vigor. Portanto, ela continua vigendo. Com o envio do projeto de lei, o que está acontecendo não sofrerá solução de continuidade, porque tem a proteção da MP - afirmou Múcio.
Num primeiro momento, Jucá sugeriu a substituição das duas MPs por projeto de lei. Depois, propôs que somente a medida provisória do crédito extraordinário fosse retirada, mas Paulo Bernardo argumentou que, se isso fosse feito, não haveria dinheiro para bancar os reajustes. O projeto de lei vai tramitar em regime de urgência constitucional - terá 45 dias para ser votado na Câmara e no Senado.
- Nós mandamos o crédito porque o volume de receita que está no Orçamento não é suficiente (para custear o aumento salarial). Se eu retirar o crédito, não tem dinheiro no Orçamento para dar o reajuste - afirmou Paulo Bernardo, fazendo prevalecer a proposta de manter as duas MPs tramitando até a votação do projeto de lei.
O reajuste beneficiará 17 categorias de servidores federais - 800 mil pessoas - e os militares das Forças Armadas. O aumento dos servidores civis vai custar R$3,4 bilhões. Os percentuais de aumento dos civis são variados: na Polícia Federal, por exemplo, o menor é de 11,05% e o maior, 101,97%. Nas carreiras da Previdência, Saúde e Trabalho chega a 137%. O impacto do aumento dos militares, entre 35,31% e 137,83%, é de R$4,2 bilhões. Os reajustes serão parcelados em três anos.
O Globo O PAÍS
A 'casca de banana atômica'
O licenciamento ambiental da usina de Angra 3 virou, nas palavras de Carlos Minc, "uma casca de banana atômica". Ontem, ele foi obrigado a deixar o histórico de opositor à energia nuclear e adotou um discurso político, de quem discorda mas precisa aceitar as condições impostas pelo governo. Minc disse acreditar que "o Brasil é a terra do sol, dos ventos e da biomassa". Mas deixou claro que não pretende se desgastar com o governo federal por isso.
- Sou conhecido por ser adversário do uso da energia nuclear, como o Fernando Gabeira, a Marina Silva e vários outros. Só que sou do governo. Quando o assunto foi votado no Conselho Nacional de Energia, a ex-ministra votou contra e foi voto vencido. Se estivesse lá, votaria como ela - disse Minc. - Até espero que a maior parte das nossas bandeiras sejam aprovadas pelo governo. Mas não tenho a pretensão de ser um cara mimado, que quer impor sua posição em todos os casos. O licenciamento será tratado com o rigor da lei e das compensações ambientais. (T.B.)
O Globo O PAÍS
Mais indústrias na floresta
Mangabeira expõe planos para Amazônia e é aclamado por ruralistas
Evandro Éboli
BRASÍLIA. O ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, saiu da Câmara ontem elogiado por representantes da bancada ruralista depois de expor seus planos para a Amazônia. No mesmo dia em que o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, admitiu que o desmatamento voltou a crescer, Mangabeira disse ser preciso vincular a floresta à indústria, instalando na Amazônia empresas que transformem os produtos florestais. Para alegria de parlamentares ligados ao agronegócio e a madeireiros, ele defendeu a instalação de indústrias na região e a flexibilização do direito de propriedade privada.
Mangabeira, coordenador do Plano Amazônia Sustentável (PAS), ressaltou que não se pode ver a região como um santuário intocável sem o desenvolvimento de ações produtivas, e defendeu alternativas "ambientalmente seguras e economicamente viáveis":
- O que a população da Amazônia mais quer é oportunidade de emprego. É preciso criar meios práticos para efetivar essa aspiração.
"Faltaram visão econômica e segurança jurídica"
Também disse que, se a população da região, os pequenos produtores e os extrativistas não tiverem oportunidades e instrumentos econômicos, "serão levados mesmo a desmatar". O ministro afirmou, em audiência na Comissão da Amazônia, que as duas principais atividades econômicas na região são a produção da Zona Franca de Manaus e a mineração no Pará.
- São atividades econômicas que têm pouco a ver com a floresta.
O ministro citou várias vezes a necessidade de se fazer o zoneamento econômico e ecológico da Amazônia, um levantamento cartográfico que irá não apenas identificar os diversos biomas da Amazônia, mas apontar a exploração econômica mais adequada para cada região.
- Há muito tempo se fala nesse zoneamento. Fala-se muito e faz-se muito menos. Faltaram visão econômica e segurança jurídica.
Mangabeira disse que é preciso resolver o problema fundiário da Amazônia, onde proprietários de terra não têm a titulação da área. Ele disse que esse fator gera insegurança jurídica:
- É preciso uma revisão do arcabouço jurídico. Nenhum país continental resolveu isso sem simplificar o direito de propriedade. É necessário sair da situação de posse insegura para a posse segura da terra.
O ministro elogiou recente decisão do governo de dispensar licitação para transferência de terras para particulares, mas considerou esta medida ainda insuficiente.
- É preciso mais. Tem que se permitir a quem goza da posse da terra que goze também das prerrogativas da propriedade.
Mangabeira defendeu o pagamento de uma remuneração específica para pequenos produtores e extrativistas, segundo ele uma espécie de compensação mensal pela vigilância da terra.
A audiência não chegou ao fim. O ministro tinha um compromisso e teve que se retirar, o que irritou alguns parlamentares.
- É uma deselegância isso. Nós também temos compromissos e os deixamos de lado para comparecer aqui e não só para ouvir, mas também para falar - protestou Márcio Junqueira (DEM-RR), ligado ao líder arrozeiro Paulo César Quartiero.
"É bom saber que o senhor tem outra visão", comemora ruralista
O ministro pediu desculpas e comprometeu-se a retornar.
Deputados ligados a fazendeiros e madeireiros, como Giovanni Queiroz (PDT-PA), parabenizaram o ministro:
- O Ministério do Meio Ambiente tem sido omisso e acomodado. Que bom saber que o senhor tem outra visão e pretende tirar a Amazônia do estrangulamento econômico que vive.
- O fundamentalismo está sendo substituído pela inteligência - disse Nilson Pinto (PSDB-PA).
O Globo O PAÍS
POLÍTICA AMBIENTAL
Minc: desmatamento aumentou
Tulio Brandão e Anselmo Carvalho Pinto
Em resposta a Maggi, ministro diz que Mato Grosso é maior responsável por avanço da devastação
- Na próxima segunda, o Inpe vai divulgar dados estatísticos de desmatamento em tempo real. Vai ser um dado ruim, de aumento. E, para variar, mais de 60% em que estado? Em Mato Grosso - disse o ministro.
De acordo com a assessoria do Inpe, o sistema Deter, divulgado mensalmente, é sujeito a imprecisões por não ter resolução suficiente para identificar desmatamentos menores que 25 hectares e sofrer com a influência das nuvens. Nem toda área de corte de árvores é identificada. Segundo o instituto, a possibilidade de observação em Mato Grosso aumentou muito de março para abril, já que apenas 14% da área daquele estado esteve sob nuvens no mês anterior.
O levantamento de desmatamento mensal é feito pelo Inpe desde maio de 2004, com dados do sensor Modis, do satélite Terra/Aqua, e do Sensor WFI do satélite CBERS, de resolução de 250 metros. Segundo o instituto, há uma possibilidade remota de os dados completos do mês de abril serem divulgados amanhã.
Governo de MT estranha dados
No último levantamento do Deter divulgado pelo Inpe, relativo a março, mais da metade dos pontos de desmatamento identificados na Amazônia já estavam em Mato Grosso - 27 de 52. Minc disse ontem, durante entrevista de apresentação da nova secretária do Ambiente do Rio, Marilene Ramos, que Maggi terá que assumir responsabilidades com o presidente Lula. O presidente já teria autorizado Minc a solicitar aos governadores o uso da PM no combate a crimes ambientais.
- Estou chegando agora, não quero criar polêmica. Eu conversei inicialmente sobre o Exército. O ministro Tarso Genro (Justiça) sugeriu o outro caminho (da PM), explicou que era mais simples. Levamos a questão ao Lula, que deu o OK. A partir de agora, o Blairo não deve brigar comigo, e sim com o presidente Lula, que já bateu o martelo - afirmou o novo ministro.
O governo de Mato Grosso reagiu à declaração de Minc sobre o aumento do desmatamento. O secretário-adjunto de Qualidade Ambiental, Salatiel Alves de Araújo, estranhou a divulgação dos dados pelo novo ministro:
- Essas informações são estranhas. Estão totalmente desconexas com a metodologia utilizada pelo Inpe. Estamos averiguando para saber que números novos são esses.
Segundo Araújo, o Inpe não tabulou o desmate dos primeiros meses de 2007, o que impediria comparação com o mesmo período em 2008:
- Ele (Minc) fala em aumento nos primeiros cinco meses do ano, mas maio nem terminou. É estranho.
O governo de Mato Grosso insiste que, ao contrário do que tem sido informado, o desmatamento no estado diminuiu nos últimos cinco anos. Em seu favor, usa os números do Inpe consolidados pelo Prodes, de monitoramento da Amazônia por satélite. Segundo o Prodes, a área devastada no estado caiu de 11.814 km² entre 2003 e 2004 para 2.476 km² entre 2006 e 2007. Os dados são de agosto a agosto.
O secretário também contesta a divulgação pelo ministério de dados do Deter, como dados consolidados:
- O Deter serve para mostrar indícios de desmatamento. O Prodes é o número final, com o qual dá para fazer comparações entre um ano e outro.
O Globo ECONOMIA
YES, NÓS TEMOS ENERGIA
Descobertas a toque de caixa
Ramona Ordoñez e Juliana Rangel
Petrobras anuncia mais óleo no pré-sal em corrida contra o tempo para garantir blocos
APetrobras anunciou ontem mais uma descoberta em águas ultraprofundas na Bacia de Santos, abaixo da camada de sal, numa área batizada de Bem-te-vi. Foi o sexto anúncio desde o ano passado. Segundo uma fonte da estatal, a companhia corre contra o tempo: com só três sondas capazes de perfurar em grande profundidade, precisa confirmar a existência de petróleo ou gás nos sete blocos no pré-sal de Santos antes do vencimento dos contratos de concessão que tem com a Agência Nacional do Petróleo (ANP). A maioria vence até outubro. Os blocos têm de ser devolvidos à ANP, se não houver descobertas até lá.
Em consórcio no qual é operadora e sócia da Shell e da portuguesa Galp Energia, a Petrobras descobriu petróleo de boa qualidade, em um poço no bloco BMS-8, a 250 km da costa de São Paulo e a uma profundidade total de 6.773 metros. A estatal não divulgou estimativas de reservas.
Segundo a fonte, a Petrobras identifica indícios de petróleo e desloca a sonda para outro bloco, ganhando mais prazo para apresentar à ANP seu plano de avaliação. Um dos fatores importantes na descoberta de ontem é que o petróleo está a mais de 6 mil metros, contra os 5 mil de Tupi, Júpiter e Carioca - quanto a este, o presidente da ANP, Haroldo Lima, declarou mês passado que as reservas seriam de 33 bilhões de barris, o que foi desmentido pela Petrobras.
- Descemos a uma profundidade maior e a estrutura de petróleo continua, é bem extensa - disse a fonte.
Descobertas podem formar único campo
Já se descobriram indícios também no BMS-21 (Caramba) e no BMS-10 (Parati). Uma das sondas está indo para a área Yara, no BMS-11, onde fica Tupi. Outra está em Carioca, e a terceira vai para o BMS-24, onde fica Júpiter. No BMS-22, operado pela Exxon em consórcio com a Petrobras, ainda não foram feitas descobertas.
Cogita-se que todas as áreas do pré-sal de Santos formam um único campo, com até 50 bilhões de barris de óleo recuperável. Segundo o geólogo Giuseppe Bacoccoli, da Coppe/UFRJ, acreditava-se que o maior campo do mundo - Gawar, na Arábia Saudita - fossem vários campos em separado e, depois, constatou-se que era um só.
- Como se trata de uma área contígua a Tupi, qualquer coisa que seja descoberta no entorno vai deixar o mercado animado - diz o analista Felipe Cunha, da Brascan.
As ações preferenciais da Petrobras (PN, sem direito a voto) fecharam a R$52,51, com alta de 1,64%. As ações ordinárias (ON) subiram 1,3%, para R$62,30. Em sete dias, as ações PN avançaram 13,41% e as ON, 12,53%.
A expectativa do anúncio da descoberta, feita após o fechamento do mercado no Brasil, impulsionou as ações de parceiras da Petrobras no exterior. Em Nova York, as ações da Shell avançaram 2,51%, enquanto as ADRs da Petrobras, 1,46%. Em Portugal, as ações da Galp Energia subiram 3,9%. Anteontem, o presidente-executivo da Galp, Manuel Ferreira de Oliveira, afirmara, ao anunciar lucros acima do esperado, que os desdobramentos das perfurações em Bem-te-vi seriam anunciados em breve.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ontem que a Petrobras seja "o motor do desenvolvimento brasileiro", comprando máquinas e insumos do mercado nacional.
- A Petrobras vai crescer muito, e eu quero que os navios, as plataformas e as sondas sejam todos produzidos aqui, gerando mais empregos e mais renda - disse Lula, no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), segundo participantes.
Durante o dia, a Petrobras chegou a superar a General Electric (GE) como quinta maior empresa do mundo, com valor de mercado de US$313,8 bilhões. A GE caiu 2,3% em Nova York, o que reduziu seu valor para US$308,9 bilhões. Mas no fechamento da Bovespa, a estatal voltou a US$307,8 bilhões.
O Globo ECONOMIA
BB negocia compra do banco paulista Nossa Caixa
Objetivo da instituição é liderar mercado em São Paulo, onde ocupa o 4º lugar. Analista estima operação em pelo menos R$9 bi
Aguinaldo Novo, Henrique Gomes Batista e Geralda D
BRASÍLIA e SÃO PAULO. Buscando desbancar a concorrência no mercado paulista - no qual, apesar de líder nacional, amarga a quarta posição -, o Banco do Brasil (BB) anunciou ontem à noite que iniciou negociações para a compra da Nossa Caixa. O banco, controlado pelo governo de São Paulo, tem ativos de R$47,431 bilhões - que renderam lucro líquido de R$114,9 milhões no primeiro trimestre deste ano, 31% a mais do que no mesmo período de 2007 - e 5,7 milhões de clientes. A operação depende de aval da Assembléia Legislativa de São Paulo.
A Nossa Caixa é vista no mercado como "a grande jóia" entre os bancos estaduais. Seu principal trunfo são as receitas provenientes da administração da folha de pagamento do governo paulista, cujo direito foi comprado em 2007 por R$2 bilhões.
O presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, estima que o BB teria de gastar na operação entre 3 e 3,5 vezes o patrimônio líquido da Nossa Caixa (R$2,9 bilhões), o que corresponderia a pelo menos R$9 bilhões.
A intenção do negócio, sem prazo para conclusão, foi informada em fato relevante enviado à Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
- Essa postura faz parte de uma estratégia adotada desde o ano passado, com as negociações para a incorporação do Besc (banco estadual catarinense) e do BRB (do governo do Distrito Federal). Mas também tivemos outras ações, como abertura de uma diretoria de cartão de crédito, que nos possibilita oferecê-los aos não-clientes, criação do financiamento imobiliário e reforço em nossa presença no financiamento de veículos - afirmou Antonio Lima Neto, presidente do BB.
Segundo ele, a aquisição levaria o BB a disputar a liderança do mercado paulista:
- O estado é a arena bancária mais competitiva do país.
Na semana passada, o BB anunciou que absorverá o Banco Popular, subsidiária criada em 2003 para atender a baixa renda e que nunca obteve lucros.
Segundo Lima Neto, as tratativas iniciais foram técnicas e sem conversas diretas com o governador José Serra (PSDB).
O Globo O MUNDO
Líbano: acordo põe fim a crise
Hezbollah terá poder de veto em decisões do governo e lei eleitoral será modificada
TEL AVIV. Após seis dias de diálogo em Doha, no Qatar, representantes do governo libanês e da oposição, liderada pelo grupo xiita Hezbollah, chegaram a um acordo para pôr fim a 18 meses de crise que deixaram o Líbano à beira de uma guerra civil. Numa negociação mediada pela Liga Árabe, o documento final prevê reformas eleitorais e a nomeação de um novo presidentes, além de dar poder de veto à oposição. O acordo é considerado por analistas uma vitória do Hezbollah após uma violenta demonstração de força que paralisou o país há duas semanas.
O Parlamento libanês convocou uma sessão para domingo para nomear o comandante do Exército, o general Michel Suleiman, presidente, cargo vago há seis meses. A coalizão de maioria sunita que sustenta o premier, Fuad Siniora, formará um governo de união nacional.
Coalizão no poder terá 14 dos 30 ministros, oposição 11
O documento determina que a coalizão 14 de Março vai manter 14 das 30 pastas do Gabinete e o poder de escolher o premier. A oposição fica com 11 ministros, e outros três serão escolhidos pelo presidente. O acordo também prevê a discussão de novas leis eleitorais que garantam maior representatividade aos 18 grupos étnicos e religiosos do Líbano nas próximas eleições, ano que vem. Em troca, os opositores garantiram que não vão recorrer às armas em caso de novas divergências políticas.
Irã e Síria, que apóiam o Hezbollah, elogiaram o acordo. Mas analistas temem que as concessões feitas ao grupo podem afetar a credibilidade do 14 de Março, e ainda há ceticismo quanto à estabilidade do país. Há poucos dias, o líder do partido Mustaqbal, Saad Hariri, garantiu aos libaneses não estar disposto a revogar as medidas tomadas contra o grupo radical. Ontem, horas após a assinatura da resolução, Hariri comemorou, afirmando que o entendimento era uma vitória que colocaria o Líbano numa nova era.
O país está sem presidente desde novembro de 2007, quando Emile Lahoud, pró-Síria, deixou o cargo. A crise se agravou há duas semanas, quando o governo anunciou medidas para investigar o Hezbollah. O grupo respondeu com protestos que se transformaram em confrontos entre milícias governistas e oposicionistas em diversos pontos do Líbano. Pelo menos 65 pessoas morreram. (R.M.)
Sunday, May 11, 2008

Felipe Massa vence corrida e mantém domínio no GP da Turquia
Lewis Hamilton pressiona e ganha segundo lugar na excelente estratégia de três pit stops articulada pela McLaren
Felipe Massa fez uma ótima corrida e venceu o GP da Turquia, disputado neste domingo, em Istambul. Com isso, o brasileiro da Ferrari chegou à sua terceira vitória em quatro corridas neste circuito e assumiu a vice-liderança do Mundial de Pilotos, apenas sete pontos atrás de Kimi Raikkonen, terceiro colocado na prova.
Lewis Hamilton teve um desempenho excelente e andou no limite durante toda a corrida. O piloto da McLaren fez três paradas nos boxes, uma a mais do que os dois pilotos da Ferrari. Com isso, ele assgurou a segunda posição, mesmo com a forte pressão de Raikkonen nas voltas finais. Robert Kubica, da BMW Sauber, chegou na quarta posição, uma à frente de Nick Heidfeld, seu companheiro de equipe.
Fernando Alonso, da Renault, fez uma boa corrida após o abandono no GP da Espanha e chegou em sexto na Turquia. Mark Webber, da RBR, foi o sétimo e Nico Rosberg, da Williams, completou os pilotos que chegaram na zona de pontuação.
Big brother urbano
Mercado de câmeras de segurança cresce a uma taxa de 13% ao ano. Por mês, são vendidas e espalhadas pelo país cerca de 11,5 mil unidades. Conflito entre maior segurança e menor privacidade preocupa Co
Rio de Janeiro — 8 de abril. Imagens do circuito interno de um supermercado em Guarulhos, na Grande São Paulo, mostram Alexandre Nardoni, Anna Carolina Jabotá, os dois filhos do casal e a pequena Isabella saindo do local horas antes de a menina ser encontrada morta no jardim de casa, depois de ser jogada do 6º andar. A imagem foi usada no processo. Namorados que freqüentam o Parque Birigui, em Curitiba, tiveram que descobrir outro ponto para paquerar. Um sistema de monitoramento passou a vigiar a área com câmeras que fazem movimentos giratórios e captam imagens até à noite. 18 de abril, Belo Horizonte. Ladrão assalta uma lan house e leva os míseros R$ 10 do caixa. Tudo registrado pela câmera do circuito interno de TV.
16 de março. Pedágio na entrada de Arapongas, no oeste do Paraná. Um policial rodoviário se nega a pagar e fura a fila. A câmera flagra tudo e ele acaba punido. 14 de maio de 2007. Imagens da câmera de segurança do prédio onde morava mostram a jovem Isabela Tainara, 14 anos, saindo de casa apenas com os livros e cadernos que usaria na aula de inglês imadiatamente antes de ser seqüestrada e morta — as cenas serviriam para ajudar a polícia a descartar a possibilidade de que a menina tivesse simplesmente fugido de casa. 17 de julho de 2007. Câmeras de segurança do aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, mostram o piloto de um avião da TAM — que transportava 186 pessoas — tentando arremeter antes de bater contra o galpão da TAM Express e se incendiar na pista principal do terminal. Um flagrante terrível do maior acidente da aviação brasileira.
O medo da violência e as facilidades tecnológicas provocaram um boom na chamada vigilância eletrônica, que serve para proteger comerciantes, vigiar as ruas e até ajudar na solução de crimes. A sensação que se tem é a de que, qualquer que seja o lugar, estamos sendo observados. Não é à toa. A cada mês são vendidas cerca de 11,5 mil câmeras de monitoramento no país, segundo cálculos das empresas de segurança eletrônica. Estima-se que, hoje, 750 mil olhos eletrônicos vigiem os brasileiros, com lentes zoom que ampliam uma imagem até 400 vezes.
O problema é que falta regulamentação ao setor, deixando o big brother urbano nacional ao gosto do freguês. Na época do “Sorria, você está sendo filmado”, esteja você no trabalho, num shopping ou parado na esquina, qualquer gesto, uma intimidade com o parceiro ou uma brincadeira com o filho podem estar sendo vigiados — e gravados em tempo real — por olhares não autorizados. De olho nesse vácuo, o Congresso começou a discutir até onde o direito à proteção da propriedade esbarra no principio da privacidade.
Crescimento veloz
Pública ou privada, a segurança eletrônica funciona sem regras, de acordo com os limites definidos pelos donos dos equipamentos e por sua finalidade. Existem atualmente 450 mil imóveis monitorados por sistemas eletrônicos de alarmes no país. E o número não pára de crescer. Nos últimos nove anos, esse mercado vem crescendo com taxas médias de 13% ao ano —15%, no ano passado. Governos também apostam nos espiões urbanos para diminuir a criminalidade. Em São Paulo, o poder público aposta no flagrante do olhar eletrônico para combater a criminalidade. Só no ano passado, as ocorrências diminuíram 17% no Centro.
Em Belo Horizonte, o Projeto Olho Vivo, parceria da Câmara de Dirigentes Lojistas com o governo do estado e a prefeitura, espalhou câmeras pela cidade, experiência que já está sendo copiada por municípios do interior. Nos três primeiros anos de existência, o Olho Vivo foi responsável pela redução de 40% da criminalidade em BH. No Rio, um projeto de monitoramento por câmeras foi iniciado em Copacabana, em 2003, com aparelhos espalhados pelo bairro e algumas unidades móveis que ficam na área da orla. O sistema está ligado a um moderno programa de identificação de placas de carros e futuramente poderá dar todos os dados de uma pessoa quando esta estiver sendo filmada. Já são 220 câmeras em toda a cidade.
Para suprir a falta de policiais, Maceió quer instalar câmeras ao longo da orla, o que já gera protestos de quem gosta de passear sozinho pelo calçadão. Em Salvador, os 110 equipamentos utilizados no carnaval permanecerão em alguns trechos dos percursos e o restante será removido para os bairros com maior incidência da violência. Curitiba decidiu combater com 20 câmeras o tráfico de drogas na região batizada de “Cracolândia”, no Centro, onde é freqüente a venda e consumo de crack.
Embora os projetos ainda estejam sendo discutidos, ninguém tem mais dúvidas de que é preciso organizar a bisbilhotice, inclusive a oficial, para que não terminemos como no livro 1984, do escritor inglês George Orwell (1903-1950), criador do mito do Big Brother. O livro, de 1949, sugere que a privacidade e a dignidade humana possam ser completamente destruídas pela vigilância eletrônica permanente. Quem viver, verá.
Em expansão
O mercado brasileiro de segurança eletrônica em números:
8 mil empresas de sistemas eletrônicos de segurança
450 mil imóveis monitorados por sistemas eletrônicos de alarmes no país
400% percentual de crescimento do número de câmeras instaladas no país de 2000 para cá . Us$ 1,2 bilhão faturamento do setor em 2007 — crescimento de 15% em comparação ao ano anterior
Um setor sem regras
“A questão central é: o coletivo deve prevalecer sobre o individual? Hoje não existem regras que impeçam que câmeras de vigilância sejam usadas indevidamente e suas imagens cedidas ou até comercializadas”, aponta uma mulher que entende de circuitos fechados de TV e sistemas de controle de acesso, Selma Migliori, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Segurança Eletrônica (Abese), entidade representativa de um setor que movimentou no ano passado US$ 1,2 bilhão (pouco menos de R$ 2 bilhões).
Diversos projetos estabelecem pela primeira vez regras para empresas prestadoras e contratantes dos serviços de segurança privada e regulamentam o setor de vigilância eletrônica. O mais avançado é o projeto de lei do deputado Michel Temer (PMDB-SP), que tramita em caráter conclusivo na Câmara, atualmente na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. O projeto diferencia, de um lado, as tradicionais empresas de vigilância de bancos e transporte de valores e, de outro, as empresas de monitoramento eletrônico. Elas seriam autorizadas e fiscalizadas pelo Ministério da Justiça ou pelas secretarias estaduais de Segurança Pública. Depois que for aprovado, o projeto ainda terá que ser regulamentado.
“Mundo seguro é um mundo com menos privacidade. É um paradoxo do próprio direito. Quanto mais você protege a coletividade, menores as liberdades individuais”, admite a advogada Patrícia Peck Pinheiro, especialista em direito eletrônico. Sem regras, existem câmeras para todos os gostos, de sistemas de controle de tráfego em vias públicas e rodovias até o monitoramento em locais de elevada concentração de público. E nada disso existia quando a Lei 7.102, de 1983, que regulamenta o setor, foi feita. Na época, segurança privada se resumia ao trabalho das empresas de transporte de valores e outros serviços de segurança armada. Talvez seja preciso regulamentar também, acreditam empresários do setor, o uso indiscriminado de câmeras camufladas — as microcâmeras e câmeras ocultas usadas até em matérias jornalísticas. Nada disso hoje tem amparo legal.
Correio Braziliense INFRA-ESTRUTURA
Energia extra vai para o Uruguai
Os 300 megawatts/médios (MW/médios) de energia que o Brasil começa a exportar hoje para a Argentina serão repassados ao Uruguai, que está em situação mais crítica. O pedido foi feito pelos argentinos e recebeu sinal verde do governo brasileiro. Atualmente, o Brasil vende somente 72 MW/médios de energia para o Uruguai, que é a capacidade máxima da linha de transmissão que interliga os dois países.
A quantidade de energia que será exportada para a Argentina — produzida por usinas termelétricas movidas a óleo diesel e combustível — poderá chegar a 800 MW/médios já no fim da próxima semana, conforme anunciou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) deverá se reunir nos próximos dias para fazer uma nova avaliação da situação de abastecimento brasileira e poderá aumentar o teto para o máximo possível de 1.500 MW/médios.
A exportação de energia será possível porque na última segunda-feira foram desligadas definitivamente as termelétricas movidas a óleo combustível e a óleo diesel, que estavam em funcionamento no Brasil desde dezembro do ano passado, e geravam entre 2.200 e 2.500 megawatts médios (MW/médios). Ainda estão em funcionamento as térmicas movidas a carvão e a gás natural, com capacidade de 3.600 MW/médios. Todas foram acionadas no início do ano, quando os reservatórios das hidrelétricas chegaram a nível crítico.
Correio Braziliense AUDITORES
Mais 20 dias para liberar cargas retidas
Luciano Pires
Com a suspensão da greve dos auditores-fiscais da Receita Federal a situação em alguns portos brasileiros começou a se normalizar ontem. Apesar do sindicato da categoria ter acertado o retorno oficial só a partir de segunda-feira, uma parte dos servidores retomou suas atividades de imediato. A previsão é que em duas semanas os gargalos criados pela paralisação de mais de 50 dias desapareçam.
No Porto de Santos, o maior do país, mercadorias que estavam acumuladas desde março entraram em ritmo mais acelerado de liberação. Ronaldo Forte, diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) em Santos, disse que em 20 dias tudo estará resolvido. “A paralisação já estava perdendo forças nas últimas semanas”, afirma. O desafio agora, completou, é eleger prioridades. “Todo mundo tem carga para liberar, tem de ser para ontem, é urgente. Aqui em Santos estamos como em uma fazenda: a porteira fechou e agora a boiada quer sair toda de uma vez”, brinca.
Em Itajaí (SC) também houve estrangulamento no fluxo de entrada e saída de produtos. Superlotado, o porto bateu recorde de ocupação média diária nos terminais. Portos-secos, localizados na fronteira do Brasil com vizinhos da América do Sul, devem aliviar as filas de caminhoneiros em 10 dias. Transportadoras rodoviárias, atacadistas e o varejo reclamam de prejuízos.
Os auditores que atuam em Foz do Iguaçu (PR) voltaram à rotina depois de aderirem em massa à paralisação. O sindicato local informou que acompanhará de perto as negociações entre o governo federal e o comando de greve até 1º de junho. Caso não haja acordo nos pontos que restam da pauta de reivindicações, os trabalhadores prometem voltar a cruzar os braços. Ontem, 750 caminhões estavam estacionados na Estação Aduaneira do Interior (Eadi), em Foz. Quase 600 aguardavam para entrar no terminal.
Pela proposta do Ministério do Planejamento, os auditores terão, até 2010, reajuste de 40% nos salários inicial e final. O governo concordou ainda em retirar do acordo os itens que modificavam o sistema de avaliação de desempenho para promoção e progressão na carreira. Os auditores tentam agora convencer a Secretaria de Recursos Humanos (SRH) a não descontar os dias parados. O ministro Paulo Bernardo disse, no entanto, que a punição está mantida.
Correio Braziliense PAINEL
Black-tie beneficente
No Rio de Janeiro para a cerimônia de comemoração da vitória na Segunda Guerra Mundial com a presença do vice-presidente, José Alencar, do governador, Sérgio Cabral, e do ministro da Defesa, Nelson Jobim (foto), Mariza Campos Gomes da Silva aproveitou para convidar o governador e a mulher, Adriana Ancelmo Cabral, para participar da festa black-tie no Palácio Itamaraty no dia 30, pelos 200 anos da chegada da família real ao Brasil. A coordenadora-geral da festa, Maria Inês Nogueira, recebeu ligação de Mariza, ainda no Monumento aos Pracinhas, depois da cerimônia. Ouviu a voz do governador confirmando a presença na festa, cuja renda será revertida para a construção do Hospital do Câncer Infantil e de Especialidades Pediátricas, que tem na mulher do vice-presidente a grande madrinha e lutadora pela concretização do projeto que há 30 anos faz parte do sonho de médicos e da população de Brasília e do Brasil Central.
Folha de São Paulo Polícia investiga venda de CDs com fotos de vítimas de naufrágio no AM
RENATA BAPTISTA
A Polícia Civil de Manacapuru (84 km a oeste de Manaus) apreendeu cerca de 200 CDs com fotos dos corpos das vítimas do naufrágio do barco Comandante Sales, ocorrido no último domingo.
Além dos CDs, a polícia também apreendeu gravadores, filmadoras e computadores, que estão sendo submetidos a perícia. Ninguém foi detido.
De acordo com o delegado Antônio Rodrigues, se a denúncia for confirmada, o responsável poderá ser preso por vilipêndio a cadáver (tratar cadáver de forma desrespeitosa). A pena prevista no Código Penal para o crime varia de um a três anos de detenção, e multa.
"As famílias das vítimas também podem processar civilmente quem fez e vendeu o CD", disse Rodrigues. De acordo com denúncias feitas à polícia, os CDs estavam sendo vendidos por valores entre R$ 20 e R$ 25.
Buscas
As buscas pelos corpos das vítimas do naufrágio, feitas nos rios Solimões e Amazonas, foram encerradas hoje, no final da tarde.
O comandante do Corpo de Bombeiros do Amazonas, Antônio Dias dos Santos, disse que está sendo feito um trabalho de orientação com a população ribeirinha e pescadores para que informem eventuais ocorrências a uma das três bases que ficarão de plantão nos rios.
Ao todo, 46 corpos de vítimas do naufrágio foram localizados até hoje. A estimativa é que ainda haja de 10 a 15 desaparecidos. "A cada hora que passa é mais remota a possibilidade de encontrarmos algum corpo, por isso vamos retirar as equipes da água", disse Santos.
A embarcação de madeira não era registrada na Capitania dos Portos e tinha capacidade para 50 pessoas. Sobreviventes disseram à polícia que havia até 150 passageiros no barco. O dono da embarcação morreu na tragédia.
Folha de São Paulo Países da América do Sul se reúnem para definir estratégia na Antártida
O Brasil e mais seis países sul-americanos que desenvolvem estudos no continente antártico vão se reunir na próxima semana para definir estratégias de pesquisas na Antártida.
No encontro, que acontece nos dias 12 e 13 de maio no Rio de Janeiro, representantes de Brasil, Argentina, Chile, Equador, Peru, Uruguai e Venezuela vão desenvolver uma oficina de trabalho a fim de estimular a interação entre os cientistas dos sete países.
Segundo o ministério da Ciência e Tecnologia, que organiza o encontro, o evento terá a participação de 50 pessoas ligadas às áreas científica, de logística e financiamento. Os grupos de cada área vão discutir a situação atual dos países. A intenção é elaborar um documento final, de onde poderá sair uma estratégia para otimizar a integração.
A base de pesquisas brasileira no continente antártico é a Estação Antártica Comandante Ferraz, administrada pela Marinha do Brasil.
Construída na década de 80, a estação realiza pesquisas de monitoramento ambiental e atmosférico, além de estudos sobre a repercussão das mudanças que vêm ocorrendo no continente.
Jornal de Brasília Ministra diz que não se pode governar Amazônia só com ações de comando e controle
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse hoje (9) que as tensões e os conflitos ocorridos na Amazônia não podem ser resolvidos apenas por meio de ações das Polícias Federal, Militar e Ambiental e pelo controle do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
“O que está acontecendo na Amazônia é um processo de retirada da ilegalidade com a firme decisão de que não se vai retroceder em relação às medidas. Mas não temos como governar 23 milhões de seres humanos [que vivem na região] apenas com ações de comando e controle”, avaliou.
Em entrevista a emissoras de rádio no estúdio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), em Brasília, a ministra afimrou que o “esforço” dos Ministérios do Meio Ambiente e da Justiça já levou à cadeia 665 pessoas acusadas de praticar atividades ilegais na Amazônia, além de desmontar 1,5 mil empresas e inibir 66 mil propriedades envolvidas com grilagem na região. “Isso gera um tensionamento muito forte”, acrescentou.
Marina Silva destacou também a importância de medidas como o Plano de Combate ao Desmatamento – uma das ações previstas no Plano Amazônia Sustentável (PAS), lançado ontem (8) pelo governo federal – ,que prevê o combate às políticas ilegais e o apoio às práticas produtivas sustentáveis.
Em relação ao papel atribuído à Amazônia diante das mudanças climáticas, a ministra lembrou que 50% da chuva na região é produzida pela própria floresta, “que presta um serviço ambiental de equilíbrio ao país e ao mundo”.
Ao avaliar a pecuária praticada na Amazônia, a ministra avaliou como "antiprodutiva" a criação de gado extensiva (por hectare), sobretudo se comparada ao sistema de sustentabilidade proposto pelo Plano Amazônia Sustentável. “As medidas estão sendo tomadas exatamente para que se tenha uma inversão da lógica anterior.”
Jornal do Brasil Esforço para salvar museu
Registros da Segunda Guerra podem ser perdidos
Felipe Sáles
As batalhas sem fim que ex-combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB) travam por sua história ganhou ontem novo fôlego, mas os tambores da guerra ainda estão longe de cessarem. Depois de quase fecharem ontem portas do Museu da FEB, que guarda registros da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, o Exército brasileiro recrutou oito militares para atuarem na administração do museu e, até o fim deste mês, decidirá se vai haver ou não ajuda financeira.
Foram mais de três horas de reunião entre a cúpula do Exército e o presidente da Associação Nacional dos Veteranos da FEB (Anvfeb), coronel Hélio Mendes, de 83 anos – o mais jovem veterano. Os ex-combatentes fechariam as portas hoje devido às dificuldades financeiras.
Mensalidade de apenas R$ 20
A Anvfeb, que já contou com 14 mil sócios, mantém o museu com o apoio de cerca de 700 sócios, viúvas e familiares de veteranos mortos. Apenas em torno de 500, porém, contribuem com a mensalidade de R$ 20 para manter o museu, o mausoléu e catacumbas nos cemitérios do Caju e São João Baptista, além da assistência jurídica aos veteranos e familiares.
– Não vamos aceitar desmembramentos da nossa casa – afirma Mendes. – Ou mantém tudo como está ou as portas serão fechadas.
O coronel estipula em R$ 25 mil mensais a verba necessária. Além do próprio Exército, Mendes conta que já pediu ajuda "a Deus e o mundo" para não ter de fechar as portas. Governo federal, estadual e municipal, além do próprio Exército, já prometeram ajudar os veteranos. Uma das últimas respostas veio da Firjan, que argumentou restrições orçamentárias.
Entre as relíquias históricas guardadas na sede estão uma bandeira e uniforme de um soldado nazista – com o detalhe de uma caveira no chapéu – e o uniforme do Marechal Mascarenhas de Moraes usado na Segunda Guerra. Apesar do marechal nunca ter levado um tiro, sua roupa já possui 63 furos, corroída por traças ao longo de anos de abandono da história.
Jornal do Brasil Colômbia e Equador buscam aproximação
Os vice-chanceleres do Equador e da Colômbia se encontram em Lima em busca de uma reaproximação diplomática. Iniciativa da OEA, o encontro visa a restabelecer as relações diplomáticas rompidas depois da ação militar da Colômbia contra um acampamento da guerrilha Farc em território equatoriano, qualificado pela comunidade internacional como um ato de violação da soberania do Equador. O dirigente rebelde Raúl Reyes foi morto na operação.
O Estado de São Paulo Medvedev alerta contra 'ambições irresponsáveis'
Novo líder russo faz crítica velada aos EUA durante desfile militar
Ap e The Washington Post
Numa clara demonstração de força, a Rússia fez ontem seu primeiro grande desfile militar desde 1990, com direito à participação de tanques e mísseis. Na primeira cerimônia como presidente russo, Dmitri Medvedev fez um alerta ontem sobre “ambições irresponsáveis” de alguns países, numa aparente crítica aos EUA. Desde o começo de 2007, quando Washington anunciou planos para instalar um escudo antimíssil na Europa, as relações entre os dois países se deterioraram.
No desfile de ontem, para celebrar a vitória dos aliados na 2ª Guerra, 8.000 soldados marcharam pela Praça Vermelha, ao lado de centenas de veículos militares.
Segundo Medvedev, as Forças Armadas russas estão reconquistando “sua força e poder”. Ao lado de seu antecessor e atual premiê, Vladimir Putin - que no desfile do ano passado comparou os EUA à Alemanha nazista -, Medvedev fez um duro discurso. “Não devemos permitir o desrespeito às leis internacionais”, afirmou o presidente russo, criticando ainda “intenções de ingerência e, especialmente, a de redesenhar fronteiras”. O apoio dos EUA em fevereiro à independência de Kosovo da Sérvia - aliada de Moscou - irritou a Rússia.
Medvedev alertou ainda sobre o perigo de um conflito armado. “A história nos mostra que os conflitos armados não começam sozinhos. Eles são criados por ambições irresponsáveis que atropelam os interesses dos países e continentes inteiros, os interesses de milhões de pessoas.”
A reconstrução do poderio do Exército russo, que entrou em colapso após o fim da União Soviética, em 1991, foi uma das prioridades do governo de Putin, que aumentou em oito vezes o orçamento anual das Forças Armadas (hoje cerca de US$ 40 bilhões). Nos últimos meses, a Rússia retomou as patrulhas aéreas na região, além de ameaçar apontar mísseis para a Ucrânia.
A demonstração de força, porém, parece não ter impressionado alguns países. “Se eles querem pegar aqueles equipamentos velhos e levá-los para dar uma volta, que fiquem à vontade”, disse na segunda-feira, o assessor de imprensa do Pentágono, Geoff Morrell.
O Estado de São Paulo Tenente da PM vai para força da ONU em Kosovo
Pela primeira vez, policial paulista reforçará comando internacional
Camilla Rigi
Há 15 anos, a tenente Denise Pereira Pinto, da Polícia Militar de São Paulo, acompanha pelo noticiário e admira o trabalho das missões da Organização das Nações Unidas (ONU) em países com conflitos internos. Hoje, aos 40 anos, ela prepara as malas para deixar a capital paulista e tomar parte em uma das missões de paz da ONU, em Kosovo. “É uma felicidade muito grande. E uma forma de ajudar outras pessoas”, afirma.
A tenente Denise é a primeira mulher da Polícia Militar de São Paulo a integrar uma força de paz. Amanhã, ela e outros 19 policias brasileiros embarcam para Kosovo. Ontem, o dia foi de homenagens no 34º Batalhão da PM, no centro de São Paulo, e despedidas dos colegas e da família. “Agora temos a internet e dá para manter o contato com todos e tranqüilizar a família.” Denise confessou que a sua mãe, Maria Neuza Castelli Pereira Pinto, de 66 anos, ficou um pouco preocupada quando soube da viagem, mas depois a apoiou. “O nosso dia-a-dia aqui também não é muito fácil”, considera.
A preparação para conseguir uma vaga no grupo seleto começou em 2001. “A primeira vez que tentei não passei, mas insisti”, conta. O teste de seleção foi realizado sob a coordenação e responsabilidade do Exército Brasileiro em julho de 2007, no Recife. Denise passou por provas de domínio do idioma inglês, uma avaliação psicológica, testes de habilidade para dirigir veículos 4x4 e uma prova de tiro. A boa notícia com a aprovação chegou em fevereiro deste ano.
Quando fez os testes, a tenente não sabia para onde poderia ir. Eram quatro destinos possíveis - Kosovo, Haiti, Sudão e Timor Leste. Desde que soube que seria designada para Kosovo, uma nova fase do processo começou: a busca por informações sobre os conflitos no território, costumes e clima. “Conversei muito com um policial do Rio que estava lá. Eu estava com medo do frio, mas, como vou chegar na primavera, acho que não terei muito problema.” Denise ficará um ano fora do País.
A tenente ingressou na Polícia Militar em 1987, como soldado feminino. Em 1993 entrou para a Academia de Polícia Militar do Barro Branco e dois anos depois saiu como Aspirante Oficial. “Quero colocar em prática lá tudo o que aprendi na polícia aqui”, diz.
Desde 1940, a ONU envia forças de paz para zonas de conflitos, mas somente na década de 1960 começaram a ser enviadas também forças policiais. Esses profissionais fazem serviços de preservação e manutenção da ordem pública. Além disso, os oficiais auxiliam no transporte de presos, na assistência às mulheres vítimas de violência, no recadastramento de famílias e refugiados e na escolta de autoridades.
O Globo Nobre liderança
As fontes renováveis já correspondem a 46,4% da matriz energética brasileira, enquanto no mundo essa média não passa de 12%. Considerando-se apenas os países ricos, a participação das fontes renováveis cai para 8% na matriz energética. Esse quadro se deve principalmente ao aproveitamento da energia das hidrelétricas e à cadeia produtiva do etanol, que, no ano passado, passou a representar 16% da matriz, ficando atrás apenas do petróleo e seus derivados (36,7%). Embora a lenha e o carvão vegetal também estejam entre as fontes renováveis, o Brasil vem dando uma contribuição expressiva no uso de energia limpa.
Com os ganhos de produtividade do setor e o aproveitamento da biomassa para geração de energia elétrica (estima-se que o potencial seja equivalente à capacidade de uma Itaipu), a contribuição do setor sucroalcooleiro crescerá ainda mais, de modo que, provavelmente no início da próxima década, as fontes renováveis podem vir a responder por mais de 50% da matriz energética brasileira. Isto significará mais empregos, renda, recolhimento de impostos no campo, e, principalmente, menos impacto ambiental.
Não deixa de ser uma lição para o mundo que o consumo de etanol no Brasil já supere o da gasolina, combustível derivado do petróleo. E, graças ao álcool, o consumidor brasileiro não sentiu no bolso todo o forte impacto da alta das cotações do petróleo no mercado internacional.
Não está longe o dia em que outros mercados consumidores vão se incorporar ao uso do etanol brasileiro, originário da cana-de-açúcar.
O Globo Chefe de Polícia critica ONGs de direitos humanos
Para delegado Gilberto Ribeiro, entidades são parciais e não investigam se houve realmente violência policial
Jorge Antonio Barros e Vera Araújo
O chefe de Polícia Civil, delegado Gilberto Ribeiro, fez duras críticas às entidades de defesa dos direitos humanos, acusando-as de serem parciais. Segundo ele, essas organizações não verificam se houve realmente violação dos direitos. Gilberto disse que nunca foi procurado por elas para discutir o assunto fora dos momentos de crise, quando há mortos em confrontos nas operações policiais. A ONG Justiça Global contradisse o delegado, alegando nunca ter sido recebida por ele.
- Elas não se colocam de forma isenta. Há apenas a necessidade de fazer um discursos dizendo que a polícia violou os direitos humanos. Não há um cuidado para saber se de fato houve violação. Fala-se muito em direitos humanos dos criminosos e se esquece dos direitos humanos da população e, especialmente, dos policiais, que são caçados e executados com muita freqüência. Não se vê uma única manifestação de apoio às famílias desses policiais que morrem em defesa da sociedade - criticou o delegado.
Ribeiro disse que a polícia está de portas abertas para discutir o tema. Em junho de 2007, quando confrontos no Complexo do Alemão terminaram com a morte de 19 pessoas apontadas por policiais como bandidos, um integrante da ONU procurou a Chefia de Polícia exigindo explicações. Segundo Ribeiro, o representante questionou a conduta da polícia.
Justiça Global diz que nunca foi chamada pela polícia
Ao ser perguntado sobre o aumento no número de autos de resistência, Ribeiro alegou que, ao longo dos anos, não houve uma política de enfrentamento como a atual:
- Se você realiza mais operações, é evidente que o número de confrontos cresce e aumentam os autos de resistência. Em nenhum lugar do mundo existe esta geografia daqui. O estado tem o dever de entrar em todas as áreas para dar segurança à população. Se os criminosos nos rechaçam, isso nos obriga a agir. Ao longo destes anos, percebemos que, quando não há enfrentamento, não há baixas.
A diretora executiva da ONG Justiça Global, que trabalha com proteção e promoção dos direitos humanos, Sandra Carvalho, afirmou que sua entidade nunca foi chamada pelo governo para discutir o assunto, embora sempre tenha procurado o diálogo:
- Estamos cansados de ouvir esse discurso por parte da polícia. O governador, enquanto candidato, disse que respeitaria os direitos humanos, que era contra os caveirões e que segurança não se fazia com matança. A Justiça Global nunca foi recebida por ele ou por representantes da segurança.
Para a diretora, o fato de a ONG denunciar as violações dos direitos humanos, principalmente nas comunidades pobres, tem incomodado as autoridades da área de segurança.
- Estão tentando tirar a nossa legitimidade. É fato: houve aumento no número de autos de resistência e diminuição das prisões e da apreensão de armas. É uma segurança pública baseada numa política de extermínio. A gente se preocupa com os policiais, sim. Por isso, estamos preocupados com o planejamento inteligente das operações, sem matança indiscriminada.
O Globo Nostalgia soviética em Moscou
Blindados e mísseis participam de desfile pela 1ª vez desde o fim da URSS
Vivian Oswald
MOSCOU. Pela primeira vez após o colapso da URSS em 1991, blindados e mísseis cruzaram a Praça Vermelha para comemorar a vitória sobre os nazistas na Segunda Guerra Mundial. Este ano, a tradicional parada militar do Dia da Vitória teve proporções nunca vistas na Rússia pós-soviética. A grandiosidade foi proporcional à imagem que o ex-presidente Vladimir Putin e seu sucessor, Dmitri Medvedev, querem passar do país para o resto do mundo.
No início da madrugada, 111 tanques de guerra e caminhões com armamento - como o novo míssil balístico intercontinental Topol-M - se posicionaram na principal avenida da cidade. Seguindo a tradição soviética, o desfile pôde ser assistido in loco apenas por convidados especiais e foi transmitido ao vivo pela TV. Mais de 30 aviões militares e helicópteros sobrevoaram a capital russa.
Este tipo de demonstração de força era comum no período da Guerra Fria, quando a intenção era desafiar o Ocidente e mostrar o poderio bélico da URSS. Para analistas, o desfile de ontem teve um significado a mais. Se, no seu discurso de posse Medvedev tentou dar um recado mais liberal, a parada militar seria a outra face da mesma moeda: a Rússia querendo se afirmar no novo contexto global.
Num tom nacionalista, Medvedev disse que é preciso fazer tudo para evitar que as tragédias do passado se repitam.
- É preciso um enfoque sério em relação a qualquer tentativa de semear disputas raciais ou religiosas, fomentar a ideologia do terrorismo e do extremismo, e interferir em questões de outros Estados, sem falar nas tentativas de revisar fronteiras - afirmou ele, ao lado de Putin.
Wednesday, May 07, 2008
Outros exercícios
Nelson de Sá
Não é só com a Marinha dos EUA que o Brasil faz operações no Atlântico Sul. Os indianos "Hindu" e "Economic Times" deram que "o eixo trilateral" Índia, Brasil e África do Sul iniciou na segunda um exercício naval de dez dias, na costa da Cidade do Cabo. Envolvendo navios, submarinos e aviões, "visa a enfrentar o terrorismo no mar".
Folha de São Paulo Antes de sair, Putin fecha acordo nuclear com EUA
Presidente russo entrega hoje o cargo a Medvedev
Um dia antes de entregar o cargo de presidente da Rússia ao aliado Dmitri Medvedev, Vladimir Putin tomou ontem mais uma medida estratégica de última hora ao assinar um acordo de cooperação nuclear civil com os Estados Unidos.
O documento abre uma nova era na parceria tecnológica e comercial russo-americana e sinaliza um apaziguamento na relação bilateral, abalada entre outras razões pela recusa de Moscou em confrontar o programa nuclear iraniano.
O principal objetivo do acordo é ampliar o comércio nuclear bilateral entre empresas das duas maiores potências atômicas do mundo, abrindo caminho para a criação de joint ventures no setor.
O acordo facilitará o acesso dos americanos a enormes reservas de urânio na Rússia e permitirá aos russos penetrarem no mercado de energia nuclear dos EUA. Até agora, a Rússia não tinha acesso direto a esse atrativo segmento de negócios nos EUA.
O pacto também pode ajudar a Rússia a estabelecer uma instalação internacional para estocar combustível nuclear. Haveria dificuldade para fazer isso sem o apoio dos EUA, país que controla a maior parte do combustível nuclear mundial.
"O valor potencial desse acordo é o valor de todos os contratos que podem ser assinados entre as empresas dos dois países na esfera nuclear, que é obviamente de bilhões de dólares", disse uma fonte russa.
Em outra decisão estratégica tomada às vésperas de entregar o cargo, Putin havia promulgado anteontem uma lei que restringe os investimentos estrangeiros em setores estratégicos da economia nacional, como a indústria de armamento e os meios de comunicação.
Segundo a nova lei, as companhias estrangeiras precisarão de autorização oficial para poder comprar mais de 50% das ações de uma companhia estratégica russa.
Herança
Proibido por lei de concorrer a um terceiro mandato, Putin, 55, deixa hoje a Presidência russa após oito anos de gestão com aprovação de 70%. Ele é considerado responsável pelo fim do caos causado pela desintegração da União Soviética e mentor da recuperação da Rússia como potência geopolítica.
Putin continuará tendo grande influência na política russa, já que ele será o primeiro-ministro de Medvedev, que será empossado hoje em grandiosa cerimônia no Kremlin.
Com agências internacionais
Folha de São Paulo Painel do Leitor
Exército
"A respeito do artigo "Em busca da crise" (Brasil, 24/4), o Centro de Comunicação Social do Exército ressalta que o Brasil tem um histórico respeitável no que diz respeito à participação em missões de paz.
Essa participação inclui desde o envio de observadores e assessores militares até a participação mais efetiva com contingentes militares completos, como é o caso no Haiti.
O contingente brasileiro no Haiti é substituído a cada período de seis meses, conforme memorandos de entendimento entre as partes envolvidas e a ONU. A missão não tem prazo previsto para término. Ela é renovada a cada contingente, de acordo com a solicitação do Haiti, a aprovação da ONU e a aceitação por parte do governo brasileiro. Em maio próximo, terá início o rodízio do oitavo para o nono contingente.
Quanto ao cargo de "Force Commander", citado no artigo, que vem sendo exercido por brasileiros desde o início da missão no Haiti, o período de permanência previsto pela ONU -assim como de outros assessores de origem multinacional- é de um ano, diferentemente do da tropa. Em casos excepcionais, e quando solicitado pela a ONU, há a permanência do oficial-general além daquele prazo.
As atividades realizadas pelos brasileiros integrantes do Exército representam um esforço histórico de cooperação do país com a paz mundial. A missão no Haiti é a única -entre aquelas da ONU que visam à imposição de paz- que detém alto índice de aprovação por parte da população local (cerca de 78%)."
ADHEMAR DA COSTA MACHADO FILHO, general-de-divisão, chefe do Centro de Comunicação Social do Exército (Brasília, DF)
Resposta do jornalista Janio de Freitas
- Não há, no artigo citado, uma só palavra contrária ou a respeito dos conceitos contidos na carta acima.
Jornal do Brasil Naufrágio já matou 34 no Rio Solimões
Passageiros desaparecidos ainda são cerca de 20, s
MANAUS
Subiu para 34 o número de mortos no naufrágio do barco Comandante Sales, em Manacapuru (84 km a oeste de Manaus), na madrugada de domingo. Somente ontem 17 corpos foram localizados nos rios Solimões e Amazonas. De acordo com a Polícia Civil, ainda há de 10 a 20 pessoas desaparecidas. As vítimas localizadas até agora são 17 homens, 16 mulheres e um menino de cerca de um ano.
O comandante do Corpo de Bombeiros do Amazonas, Antônio dos Santos, disse que já era esperado que mais corpos começassem a boiar após 48 horas do acidente, já que as águas do rio Solimões são frias, o que favorece a conservação dos cadáveres.
– Em águas mais quentes a deterioração do corpo é maior e eles vão à tona em cerca de 24 horas – explicou Santos.
A maior parte dos corpos foi encontrada na região onde o barco de madeira tombou. Dois dos corpos, contudo, foram localizados a cerca de 50 km do local do naufrágio, já no rio Amazonas, nas imediações de Manaus.
Por conta da localização distante desses corpos, equipes de buscas montaram uma barreira' com lanchas no local para tentar evitar, visualmente, que corpos sejam levados pela correnteza do rio. O raio das buscas foi estendido para até 60 km do ponto do acidente.
Ontem, cerca de cem integrantes da Marinha e do Corpo de Bombeiros trabalhavam nas buscas. Um helicóptero da Marinha também foi usado na operação.
Até o início da noite, apenas os 17 corpos localizados entre o último domingo e segunda-feira haviam sido identificados. Os outros 17 permaneciam no Instituto Médico Legal em Manaus, para reconhecimento.
Investigação
O delegado Antônio Rodrigues disse que peritos iniciam hoje a perícia no barco, que possui dois andares e cerca de 20 metros de comprimento. Segundo o delegado, a causa mais provável do acidente foi excesso de passageiros, o que teria impossibilitado a embarcação de passar por um remoinho (movimento em círculo causado pelo cruzamento de ondas ou ventos), causando seu tombamento.
A capacidade do barco era de 50 pessoas. De acordo com estimativas do Corpo de Bombeiros, estaria transportando cerca de 80 no momento do acidente. A maioria participava de uma festa religiosa na comunidade Lago do Pesqueiro. Segundo a Marinha, o barco estava em situação irregular.
Segundo Rodrigues, ainda é difícil saber quantas pessoas sobreviveram ao acidente, devido ao grande número de barcos que ajudaram no resgate. A estimativa, segundo ele, é de cerca de 50 sobreviventes.
Jornal do Brasil Bahia: destroços do bimotor são achados
Equipes de resgate confirmaram ontem ter encontrado destroços do bimotor Cessna C-130 Q desaparecido desde o final da tarde de sexta-feira no litoral sul da Bahia. A aeronave transportava quatro empresários ingleses, além do piloto e do co-piloto. Ninguém foi encontrado. Segundo o capitão da PM e coordenador da operação de busca por terra, os objetos foram guardados e examinados na manhã de ontem. As buscas aos passageiros e tripulantes foram retomadas hoje, com ajuda da Marinha
Jornal do Brasil COLUNA GILBERTO AMARAL
Alto comando /Temporão no Senado/Ano polar
Gilberto Amaral
Alto comando
Foi transferida para o fim de maio, a reunião do Alto Comando do Exército. O comandante Enzo Martins Peri vai tratar com os quatro-estrelas de assuntos administrativos. Na próxima reunião deverá haver promoções.
Temporão no Senado
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, vai hoje ao Senado fazer uma prestação de contas sobre as iniciativas de seu ministério na luta de combate à dengue em território nacional.
No caso específico do Rio, há que se reconhecer o esforço das Forças Armadas, junto com os setores diretamente responsáveis do governo, para conseguir o controle do surto epidêmico.
Ano polar
O Congresso realiza sessão solene conjunta, nesta quinta-feira, às 10h, para comemorar a primeira participação do Brasil no 4º Ano Polar Internacional, que reúne um conjunto de ações científicas no Ártico e na Antártica. O programa envolve mais de 200 projetos, com milhares de cientistas de mais de 60 países que analisam uma série de tópicos nas áreas da física, da biologia e da pesquisa social
O Estado de São Paulo Chegam a 34 os mortos em naufrágio
MPE diz que pode bloquear bens de donos para pagar indenizações; Lula diz que ‘ganância’ causou tragédia
André Alves
O prefeito de Manacapuru, Washington Régis, afirmou ontem que o número de vítimas do naufrágio do barco Comandante Sales 2008 pode chegar a 50. Até ontem, 34 corpos haviam sido resgatados. Após o cruzamento de dados colhidos pelo serviço social da prefeitura com informações da Polícia Civil, chegou-se à conclusão de que ainda há pelo menos 20 pessoas desaparecidas.
Ontem, equipes do Corpo de Bombeiros e da Marinha encontraram mais 17 corpos (6 mulheres, 10 homens e 1 criança do sexo masculino). Desses, 2 foram encontrados flutuando no encontro das águas dos Rios Negro e Solimões, a pelo menos 30 quilômetros do local do acidente. As equipes de resgate trabalham numa extensão de 60 quilômetros à procura dos corpos de outras vítimas.
“Os corpos estão começando a boiar” , comentou o prefeito de Manacapuru, cidade onde residiam todas as vítimas do acidente. Na tarde de segunda-feira, 17 pessoas foram sepultadas no município. O barco Comandante Sales 2008 naufragou na madrugada do domingo, no Rio Solimões, interior do Amazonas.
Promotores do Ministério Público do Amazonas anunciaram que vão acompanhar as investigações sobre as causas do naufrágio. A apuração está sendo conduzida pela Capitania dos Portos e pela 1ª Delegacia Regional de Manacapuru. Um dos representantes da comissão, o promotor Agnaldo Concy, lamentou a falta de dados precisos sobre o número de passageiros do barco. “Até o momento, o único número de que dispomos é o de vítimas registradas no IML (Instituto Médico-Legal).”
Concy ressaltou que esses dados “são importantíssimos” para ajudar as famílias das vítimas a requererem indenização dos proprietários do barco. Um deles, Francisco Sales, morreu no acidente. Segundo o MPE, os bens de Sales podem ser bloqueados pela Justiça e posteriormente repassados às famílias. Estima-se que 80 a 100 pessoas estivessem na embarcação no momento do acidente.
Em visita oficial ao Amazonas, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que os próprios passageiros de embarcações exijam segurança, embora tenha admitido que já viajou em embarcações “com caixa-d’água com peixe, bode, cavalo, com um palmo de água pra entrar, com tudo dentro”. “Mas as pessoas precisam autofiscalizar-se. Ninguém pode jogar sua vida numa embarcação que não tenha as condições adequadas”, afirmou. “Quando um cidadão ganancioso pensa em ganhar dinheiro alugando um barco, colocando mais gente do que deveria colocar, sem a segurança ideal, esse cidadão está cometendo crime contra o povo.”
O Estado de São Paulo Venezuela busca compra de submarinos da Rússia
Roberto Godoy
O presidente Hugo Chávez, da Venezuela, vai assinar essa semana, em Moscou, o contrato inicial de US$ 800 milhões para a compra dos primeiros quatro submarinos, de um provável lote de nove modelos da classe Kilo-2, considerados “muito silenciosos e furtivos”, de acordo com o chefe do estaleiro Rubin, engenheiro Yuri Kormilitsin.
A negociação foi anunciada pelo principal jornal de economia do país, o Kommersant. Chávez está na Rússia para assistir à posse, hoje, do novo presidente, Dmitri Medvedev (leia na pág. 14).
O valor total estimado da operação é de US$ 2,4 bilhão, com o armamento e o recheio eletrônico. A agência russa para venda de equipamentos e sistemas militares, a Rosoboronexport, admitiu as “discussões comerciais”. O Kilo 2-636 é a última geração de uma herança da Guerra Fria. Na prática, é um novo navio de combate. É um modelo médio, que desloca 4.000 toneladas submerso, e veloz, operando na faixa de 25 nós, com autonomia de 13,5 mil km. Não há igual na América Latina - mesmo o novo submarino convencional brasileiro, o francês Scórpene, é menor, com 1.700 toneladas. O armamento é composto por 20 torpedos de 533 mm, 24 minas e 18 mísseis: 16 antiaéreos leves Igla e Strela, para atingir alvos voando baixo, entre 4,2 km e 5,5 km; mais 2 Oniks, de cruzeiro.
Duas das seis câmaras disparadoras dianteiras foram preparadas para receber o torpedo de alto desempenho e médio alcance Shkval-E. Lançado dentro de uma de bolha de ar comprimido, viaja por 13 km levando 210 quilos de explosivos a 400 km/h.
O Globo Amorim: continente rejeita separatismo
Em nome dos vizinhos, chanceler diz que autonomia na Bolívia deve ser negociada com o governo
Eliane Oliveira*
BRASÍLIA. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem, após se reunir com o chanceler uruguaio, Gonzalo Fernández, que as nações sul-americanas jamais aceitariam o separatismo na Bolívia, como resultado do referendo realizado no último domingo em Santa Cruz e dos que estão por vir em outros departamentos. A autonomia, defendeu o ministro, deve ser negociada com La Paz.
- Não creio que haja separatismo. Até porque a América do Sul não aceitaria isso - disse Amorim.
Ele frisou que o Brasil não se posicionaria contra o desejo de autonomia, desde que se respeitem os princípios constitucionais e seja da vontade do povo boliviano. Segundo o ministro, é preciso que o estatuto que foi votado em Santa Cruz esteja de acordo com a Constituição em vigor no país.
O ministro defendeu um amplo acordo na Bolívia.
- É perfeitamente possível restabelecer o diálogo com a ajuda da Igreja, da OEA (Organização dos Estados Americanos) e dos países amigos - disse Amorim, referindo-se ao Grupo de Amigos da Bolívia, formado por Brasil, Argentina e Colômbia. - O que temos que fazer é trabalhar de maneira coordenada, para irmos todos no mesmo sentido. Neste momento, temos de encontrar uma maneira de restabelecer o diálogo e é nisso que estamos empenhados. Mas com discrição, sem impor nada. Não podemos nos esquecer de que, nesse caso, o grupo de amigos foi uma sugestão inicial do próprio governo boliviano.
União Européia mostra sintonia com o Brasil
Indagado se, com a realização do referendo em Santa Cruz, um acordo não teria ficado ainda mais difícil, o chanceler brasileiro respondeu:
- O referendo já passou. Não adianta ficar pensando se é mais fácil ou menos fácil. A Bolívia é um país com o qual temos que trabalhar com as unidades nacionais. Agora, tem que haver diálogo.
Para Amorim, os eventos em Santa Cruz foram muito menos dramáticos do que o imaginado.
A União Européia (UE) também está preocupada com a tensão política, informou ontem a comissária de Relações Exteriores do bloco, Benita Ferrero-Waldner. Numa videoconferência sobre a Cúpula UE/América Latina e Caribe, marcada para este mês em Lima, no Peru, ela manifestou disposição de facilitar a aproximação entre o governo boliviano e as regiões opositoras.
- Fazemos votos para que todos os esforços, seja da Igreja, da Organização dos Estados Americanos e dos enviados do grupo de países amigos, realmente façam algo para fomentar este diálogo e que tenham êxito - disse Ferrero-Waldner, em sintonia com o Brasil.
*COLABOROU Geralda Doca
O Globo Rio reúne caçadores de ciclones
Evento este mês será o primeiro a dedicado a supertempestades no Atlântico Sul
Ana Lucia Azevedo
Ciclones extratropicais como o que deixou milhares de desabrigados e trouxe a primeira neve do ano no Sul do Brasil esta semana não são raros no país, diferentemente do que muita gente pensa. Porém, eles não são previstos com muita segurança em prazos superiores a cinco dias, o que poderia evitar mortes e prejuízos. Mas melhorar a previsão e traçar planos de redução de danos são as metas do Encontro Internacional sobre Ciclones do Atlântico Sul, que acontecerá no Rio de 19 a 21 de maio.
O evento será o primeiro a reunir somente especialistas nas chamadas tempestades severas para discutir o Atlântico Sul, muito menos conhecido e monitorado do que o Norte, vigiado por satélites, radares e bóias oceanográficas americanos e europeus. Por tempestade severa entenda-se fenômenos como ciclones, tornados, furacões e todo tipo de tempestade de alto poder destrutivo.
- Reuniremos especialistas do Brasil, de países do Cone Sul, da Austrália e dos Estados Unidos - diz o coordenador do encontro, Isimar de Azevedo Santos, do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Um desses especialistas é Manoel Alonso Gan, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/Inpe), em São José dos Campos, São Paulo. Gan participa de um programa para desenvolver um modelo capaz de prever que um ciclone destrutivo está a caminho, com antecedência de uma semana a dez dias. Ele é o representante do Brasil no programa Thorpex, da Organização Meteorológica Mundial (OMM). O Thorpex tem como meta melhorar a previsão de eventos climáticos extremos em todo o mundo e há dois anos criou um comitê para o Hemisfério Sul.
- Prevemos quando um ciclone vai se formar com até quatro dias de antecedência. Mas isso não é suficiente para evitar danos muito extensos. Se um agricultor soubesse com antecipação maior que será atingido por uma geada, poderá antecipar a colheita e reduzir o prejuízo - explica Gan, um estudioso do Catarina, o único furacão registrado no Atlântico Sul e que em março de 2004 atingiu Santa Catarina.
Para isso, é preciso investimento em equipamentos - satélites, bóias oceânicas, radares, sensores em aviões e balões climatológicos, por exemplo. E é necessário aperfeiçoar os modelos matemáticos usados para prever o tempo. Engana-se quem imagina que caçar tempestades é trabalho de fiscal da natureza. Olhos eletrônicos de satélites, sensores e radares fazem esse serviço. Meteorologistas e climatologistas lidam com números. Desenvolvem e analisam modelos que transformam em números os fenômenos climáticos. E a matemática do clima ainda se enrola nas contas quando se trata de prever fenômenos como os ciclones, nos quais uma série quase infindável de elementos, como detalhes de vento, oceanos e atmosfera, estão envolvidos.
- No Brasil há poucos radares, fundamentais para prever fenômenos extremos. E devemos refinar nossos modelos, para que antecipem a formação de um ciclone, contando com dados preliminares - diz Gan.
Santos observa que num cenário de aquecimento global, em que o painel climático da ONU prevê o aumento da intensidade e da freqüência de supertempestades, esse tipo de previsão salvará vidas.
- Esse conhecimento é importante para planejamento urbano, navegação, atividades portuárias, prospecção de petróleo e turismo, por exemplo - diz Santos, coordenador do projeto "Estudo de Ciclones no Atlântico Sul e Impactos na Costa do Estado do Rio de Janeiro (Ciclones), apoiado pela Finep.
Nelson de Sá
Não é só com a Marinha dos EUA que o Brasil faz operações no Atlântico Sul. Os indianos "Hindu" e "Economic Times" deram que "o eixo trilateral" Índia, Brasil e África do Sul iniciou na segunda um exercício naval de dez dias, na costa da Cidade do Cabo. Envolvendo navios, submarinos e aviões, "visa a enfrentar o terrorismo no mar".
Folha de São Paulo Antes de sair, Putin fecha acordo nuclear com EUA
Presidente russo entrega hoje o cargo a Medvedev
Um dia antes de entregar o cargo de presidente da Rússia ao aliado Dmitri Medvedev, Vladimir Putin tomou ontem mais uma medida estratégica de última hora ao assinar um acordo de cooperação nuclear civil com os Estados Unidos.
O documento abre uma nova era na parceria tecnológica e comercial russo-americana e sinaliza um apaziguamento na relação bilateral, abalada entre outras razões pela recusa de Moscou em confrontar o programa nuclear iraniano.
O principal objetivo do acordo é ampliar o comércio nuclear bilateral entre empresas das duas maiores potências atômicas do mundo, abrindo caminho para a criação de joint ventures no setor.
O acordo facilitará o acesso dos americanos a enormes reservas de urânio na Rússia e permitirá aos russos penetrarem no mercado de energia nuclear dos EUA. Até agora, a Rússia não tinha acesso direto a esse atrativo segmento de negócios nos EUA.
O pacto também pode ajudar a Rússia a estabelecer uma instalação internacional para estocar combustível nuclear. Haveria dificuldade para fazer isso sem o apoio dos EUA, país que controla a maior parte do combustível nuclear mundial.
"O valor potencial desse acordo é o valor de todos os contratos que podem ser assinados entre as empresas dos dois países na esfera nuclear, que é obviamente de bilhões de dólares", disse uma fonte russa.
Em outra decisão estratégica tomada às vésperas de entregar o cargo, Putin havia promulgado anteontem uma lei que restringe os investimentos estrangeiros em setores estratégicos da economia nacional, como a indústria de armamento e os meios de comunicação.
Segundo a nova lei, as companhias estrangeiras precisarão de autorização oficial para poder comprar mais de 50% das ações de uma companhia estratégica russa.
Herança
Proibido por lei de concorrer a um terceiro mandato, Putin, 55, deixa hoje a Presidência russa após oito anos de gestão com aprovação de 70%. Ele é considerado responsável pelo fim do caos causado pela desintegração da União Soviética e mentor da recuperação da Rússia como potência geopolítica.
Putin continuará tendo grande influência na política russa, já que ele será o primeiro-ministro de Medvedev, que será empossado hoje em grandiosa cerimônia no Kremlin.
Com agências internacionais
Folha de São Paulo Painel do Leitor
Exército
"A respeito do artigo "Em busca da crise" (Brasil, 24/4), o Centro de Comunicação Social do Exército ressalta que o Brasil tem um histórico respeitável no que diz respeito à participação em missões de paz.
Essa participação inclui desde o envio de observadores e assessores militares até a participação mais efetiva com contingentes militares completos, como é o caso no Haiti.
O contingente brasileiro no Haiti é substituído a cada período de seis meses, conforme memorandos de entendimento entre as partes envolvidas e a ONU. A missão não tem prazo previsto para término. Ela é renovada a cada contingente, de acordo com a solicitação do Haiti, a aprovação da ONU e a aceitação por parte do governo brasileiro. Em maio próximo, terá início o rodízio do oitavo para o nono contingente.
Quanto ao cargo de "Force Commander", citado no artigo, que vem sendo exercido por brasileiros desde o início da missão no Haiti, o período de permanência previsto pela ONU -assim como de outros assessores de origem multinacional- é de um ano, diferentemente do da tropa. Em casos excepcionais, e quando solicitado pela a ONU, há a permanência do oficial-general além daquele prazo.
As atividades realizadas pelos brasileiros integrantes do Exército representam um esforço histórico de cooperação do país com a paz mundial. A missão no Haiti é a única -entre aquelas da ONU que visam à imposição de paz- que detém alto índice de aprovação por parte da população local (cerca de 78%)."
ADHEMAR DA COSTA MACHADO FILHO, general-de-divisão, chefe do Centro de Comunicação Social do Exército (Brasília, DF)
Resposta do jornalista Janio de Freitas
- Não há, no artigo citado, uma só palavra contrária ou a respeito dos conceitos contidos na carta acima.
Jornal do Brasil Naufrágio já matou 34 no Rio Solimões
Passageiros desaparecidos ainda são cerca de 20, s
MANAUS
Subiu para 34 o número de mortos no naufrágio do barco Comandante Sales, em Manacapuru (84 km a oeste de Manaus), na madrugada de domingo. Somente ontem 17 corpos foram localizados nos rios Solimões e Amazonas. De acordo com a Polícia Civil, ainda há de 10 a 20 pessoas desaparecidas. As vítimas localizadas até agora são 17 homens, 16 mulheres e um menino de cerca de um ano.
O comandante do Corpo de Bombeiros do Amazonas, Antônio dos Santos, disse que já era esperado que mais corpos começassem a boiar após 48 horas do acidente, já que as águas do rio Solimões são frias, o que favorece a conservação dos cadáveres.
– Em águas mais quentes a deterioração do corpo é maior e eles vão à tona em cerca de 24 horas – explicou Santos.
A maior parte dos corpos foi encontrada na região onde o barco de madeira tombou. Dois dos corpos, contudo, foram localizados a cerca de 50 km do local do naufrágio, já no rio Amazonas, nas imediações de Manaus.
Por conta da localização distante desses corpos, equipes de buscas montaram uma barreira' com lanchas no local para tentar evitar, visualmente, que corpos sejam levados pela correnteza do rio. O raio das buscas foi estendido para até 60 km do ponto do acidente.
Ontem, cerca de cem integrantes da Marinha e do Corpo de Bombeiros trabalhavam nas buscas. Um helicóptero da Marinha também foi usado na operação.
Até o início da noite, apenas os 17 corpos localizados entre o último domingo e segunda-feira haviam sido identificados. Os outros 17 permaneciam no Instituto Médico Legal em Manaus, para reconhecimento.
Investigação
O delegado Antônio Rodrigues disse que peritos iniciam hoje a perícia no barco, que possui dois andares e cerca de 20 metros de comprimento. Segundo o delegado, a causa mais provável do acidente foi excesso de passageiros, o que teria impossibilitado a embarcação de passar por um remoinho (movimento em círculo causado pelo cruzamento de ondas ou ventos), causando seu tombamento.
A capacidade do barco era de 50 pessoas. De acordo com estimativas do Corpo de Bombeiros, estaria transportando cerca de 80 no momento do acidente. A maioria participava de uma festa religiosa na comunidade Lago do Pesqueiro. Segundo a Marinha, o barco estava em situação irregular.
Segundo Rodrigues, ainda é difícil saber quantas pessoas sobreviveram ao acidente, devido ao grande número de barcos que ajudaram no resgate. A estimativa, segundo ele, é de cerca de 50 sobreviventes.
Jornal do Brasil Bahia: destroços do bimotor são achados
Equipes de resgate confirmaram ontem ter encontrado destroços do bimotor Cessna C-130 Q desaparecido desde o final da tarde de sexta-feira no litoral sul da Bahia. A aeronave transportava quatro empresários ingleses, além do piloto e do co-piloto. Ninguém foi encontrado. Segundo o capitão da PM e coordenador da operação de busca por terra, os objetos foram guardados e examinados na manhã de ontem. As buscas aos passageiros e tripulantes foram retomadas hoje, com ajuda da Marinha
Jornal do Brasil COLUNA GILBERTO AMARAL
Alto comando /Temporão no Senado/Ano polar
Gilberto Amaral
Alto comando
Foi transferida para o fim de maio, a reunião do Alto Comando do Exército. O comandante Enzo Martins Peri vai tratar com os quatro-estrelas de assuntos administrativos. Na próxima reunião deverá haver promoções.
Temporão no Senado
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, vai hoje ao Senado fazer uma prestação de contas sobre as iniciativas de seu ministério na luta de combate à dengue em território nacional.
No caso específico do Rio, há que se reconhecer o esforço das Forças Armadas, junto com os setores diretamente responsáveis do governo, para conseguir o controle do surto epidêmico.
Ano polar
O Congresso realiza sessão solene conjunta, nesta quinta-feira, às 10h, para comemorar a primeira participação do Brasil no 4º Ano Polar Internacional, que reúne um conjunto de ações científicas no Ártico e na Antártica. O programa envolve mais de 200 projetos, com milhares de cientistas de mais de 60 países que analisam uma série de tópicos nas áreas da física, da biologia e da pesquisa social
O Estado de São Paulo Chegam a 34 os mortos em naufrágio
MPE diz que pode bloquear bens de donos para pagar indenizações; Lula diz que ‘ganância’ causou tragédia
André Alves
O prefeito de Manacapuru, Washington Régis, afirmou ontem que o número de vítimas do naufrágio do barco Comandante Sales 2008 pode chegar a 50. Até ontem, 34 corpos haviam sido resgatados. Após o cruzamento de dados colhidos pelo serviço social da prefeitura com informações da Polícia Civil, chegou-se à conclusão de que ainda há pelo menos 20 pessoas desaparecidas.
Ontem, equipes do Corpo de Bombeiros e da Marinha encontraram mais 17 corpos (6 mulheres, 10 homens e 1 criança do sexo masculino). Desses, 2 foram encontrados flutuando no encontro das águas dos Rios Negro e Solimões, a pelo menos 30 quilômetros do local do acidente. As equipes de resgate trabalham numa extensão de 60 quilômetros à procura dos corpos de outras vítimas.
“Os corpos estão começando a boiar” , comentou o prefeito de Manacapuru, cidade onde residiam todas as vítimas do acidente. Na tarde de segunda-feira, 17 pessoas foram sepultadas no município. O barco Comandante Sales 2008 naufragou na madrugada do domingo, no Rio Solimões, interior do Amazonas.
Promotores do Ministério Público do Amazonas anunciaram que vão acompanhar as investigações sobre as causas do naufrágio. A apuração está sendo conduzida pela Capitania dos Portos e pela 1ª Delegacia Regional de Manacapuru. Um dos representantes da comissão, o promotor Agnaldo Concy, lamentou a falta de dados precisos sobre o número de passageiros do barco. “Até o momento, o único número de que dispomos é o de vítimas registradas no IML (Instituto Médico-Legal).”
Concy ressaltou que esses dados “são importantíssimos” para ajudar as famílias das vítimas a requererem indenização dos proprietários do barco. Um deles, Francisco Sales, morreu no acidente. Segundo o MPE, os bens de Sales podem ser bloqueados pela Justiça e posteriormente repassados às famílias. Estima-se que 80 a 100 pessoas estivessem na embarcação no momento do acidente.
Em visita oficial ao Amazonas, ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que os próprios passageiros de embarcações exijam segurança, embora tenha admitido que já viajou em embarcações “com caixa-d’água com peixe, bode, cavalo, com um palmo de água pra entrar, com tudo dentro”. “Mas as pessoas precisam autofiscalizar-se. Ninguém pode jogar sua vida numa embarcação que não tenha as condições adequadas”, afirmou. “Quando um cidadão ganancioso pensa em ganhar dinheiro alugando um barco, colocando mais gente do que deveria colocar, sem a segurança ideal, esse cidadão está cometendo crime contra o povo.”
O Estado de São Paulo Venezuela busca compra de submarinos da Rússia
Roberto Godoy
O presidente Hugo Chávez, da Venezuela, vai assinar essa semana, em Moscou, o contrato inicial de US$ 800 milhões para a compra dos primeiros quatro submarinos, de um provável lote de nove modelos da classe Kilo-2, considerados “muito silenciosos e furtivos”, de acordo com o chefe do estaleiro Rubin, engenheiro Yuri Kormilitsin.
A negociação foi anunciada pelo principal jornal de economia do país, o Kommersant. Chávez está na Rússia para assistir à posse, hoje, do novo presidente, Dmitri Medvedev (leia na pág. 14).
O valor total estimado da operação é de US$ 2,4 bilhão, com o armamento e o recheio eletrônico. A agência russa para venda de equipamentos e sistemas militares, a Rosoboronexport, admitiu as “discussões comerciais”. O Kilo 2-636 é a última geração de uma herança da Guerra Fria. Na prática, é um novo navio de combate. É um modelo médio, que desloca 4.000 toneladas submerso, e veloz, operando na faixa de 25 nós, com autonomia de 13,5 mil km. Não há igual na América Latina - mesmo o novo submarino convencional brasileiro, o francês Scórpene, é menor, com 1.700 toneladas. O armamento é composto por 20 torpedos de 533 mm, 24 minas e 18 mísseis: 16 antiaéreos leves Igla e Strela, para atingir alvos voando baixo, entre 4,2 km e 5,5 km; mais 2 Oniks, de cruzeiro.
Duas das seis câmaras disparadoras dianteiras foram preparadas para receber o torpedo de alto desempenho e médio alcance Shkval-E. Lançado dentro de uma de bolha de ar comprimido, viaja por 13 km levando 210 quilos de explosivos a 400 km/h.
O Globo Amorim: continente rejeita separatismo
Em nome dos vizinhos, chanceler diz que autonomia na Bolívia deve ser negociada com o governo
Eliane Oliveira*
BRASÍLIA. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem, após se reunir com o chanceler uruguaio, Gonzalo Fernández, que as nações sul-americanas jamais aceitariam o separatismo na Bolívia, como resultado do referendo realizado no último domingo em Santa Cruz e dos que estão por vir em outros departamentos. A autonomia, defendeu o ministro, deve ser negociada com La Paz.
- Não creio que haja separatismo. Até porque a América do Sul não aceitaria isso - disse Amorim.
Ele frisou que o Brasil não se posicionaria contra o desejo de autonomia, desde que se respeitem os princípios constitucionais e seja da vontade do povo boliviano. Segundo o ministro, é preciso que o estatuto que foi votado em Santa Cruz esteja de acordo com a Constituição em vigor no país.
O ministro defendeu um amplo acordo na Bolívia.
- É perfeitamente possível restabelecer o diálogo com a ajuda da Igreja, da OEA (Organização dos Estados Americanos) e dos países amigos - disse Amorim, referindo-se ao Grupo de Amigos da Bolívia, formado por Brasil, Argentina e Colômbia. - O que temos que fazer é trabalhar de maneira coordenada, para irmos todos no mesmo sentido. Neste momento, temos de encontrar uma maneira de restabelecer o diálogo e é nisso que estamos empenhados. Mas com discrição, sem impor nada. Não podemos nos esquecer de que, nesse caso, o grupo de amigos foi uma sugestão inicial do próprio governo boliviano.
União Européia mostra sintonia com o Brasil
Indagado se, com a realização do referendo em Santa Cruz, um acordo não teria ficado ainda mais difícil, o chanceler brasileiro respondeu:
- O referendo já passou. Não adianta ficar pensando se é mais fácil ou menos fácil. A Bolívia é um país com o qual temos que trabalhar com as unidades nacionais. Agora, tem que haver diálogo.
Para Amorim, os eventos em Santa Cruz foram muito menos dramáticos do que o imaginado.
A União Européia (UE) também está preocupada com a tensão política, informou ontem a comissária de Relações Exteriores do bloco, Benita Ferrero-Waldner. Numa videoconferência sobre a Cúpula UE/América Latina e Caribe, marcada para este mês em Lima, no Peru, ela manifestou disposição de facilitar a aproximação entre o governo boliviano e as regiões opositoras.
- Fazemos votos para que todos os esforços, seja da Igreja, da Organização dos Estados Americanos e dos enviados do grupo de países amigos, realmente façam algo para fomentar este diálogo e que tenham êxito - disse Ferrero-Waldner, em sintonia com o Brasil.
*COLABOROU Geralda Doca
O Globo Rio reúne caçadores de ciclones
Evento este mês será o primeiro a dedicado a supertempestades no Atlântico Sul
Ana Lucia Azevedo
Ciclones extratropicais como o que deixou milhares de desabrigados e trouxe a primeira neve do ano no Sul do Brasil esta semana não são raros no país, diferentemente do que muita gente pensa. Porém, eles não são previstos com muita segurança em prazos superiores a cinco dias, o que poderia evitar mortes e prejuízos. Mas melhorar a previsão e traçar planos de redução de danos são as metas do Encontro Internacional sobre Ciclones do Atlântico Sul, que acontecerá no Rio de 19 a 21 de maio.
O evento será o primeiro a reunir somente especialistas nas chamadas tempestades severas para discutir o Atlântico Sul, muito menos conhecido e monitorado do que o Norte, vigiado por satélites, radares e bóias oceanográficas americanos e europeus. Por tempestade severa entenda-se fenômenos como ciclones, tornados, furacões e todo tipo de tempestade de alto poder destrutivo.
- Reuniremos especialistas do Brasil, de países do Cone Sul, da Austrália e dos Estados Unidos - diz o coordenador do encontro, Isimar de Azevedo Santos, do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Um desses especialistas é Manoel Alonso Gan, do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/Inpe), em São José dos Campos, São Paulo. Gan participa de um programa para desenvolver um modelo capaz de prever que um ciclone destrutivo está a caminho, com antecedência de uma semana a dez dias. Ele é o representante do Brasil no programa Thorpex, da Organização Meteorológica Mundial (OMM). O Thorpex tem como meta melhorar a previsão de eventos climáticos extremos em todo o mundo e há dois anos criou um comitê para o Hemisfério Sul.
- Prevemos quando um ciclone vai se formar com até quatro dias de antecedência. Mas isso não é suficiente para evitar danos muito extensos. Se um agricultor soubesse com antecipação maior que será atingido por uma geada, poderá antecipar a colheita e reduzir o prejuízo - explica Gan, um estudioso do Catarina, o único furacão registrado no Atlântico Sul e que em março de 2004 atingiu Santa Catarina.
Para isso, é preciso investimento em equipamentos - satélites, bóias oceânicas, radares, sensores em aviões e balões climatológicos, por exemplo. E é necessário aperfeiçoar os modelos matemáticos usados para prever o tempo. Engana-se quem imagina que caçar tempestades é trabalho de fiscal da natureza. Olhos eletrônicos de satélites, sensores e radares fazem esse serviço. Meteorologistas e climatologistas lidam com números. Desenvolvem e analisam modelos que transformam em números os fenômenos climáticos. E a matemática do clima ainda se enrola nas contas quando se trata de prever fenômenos como os ciclones, nos quais uma série quase infindável de elementos, como detalhes de vento, oceanos e atmosfera, estão envolvidos.
- No Brasil há poucos radares, fundamentais para prever fenômenos extremos. E devemos refinar nossos modelos, para que antecipem a formação de um ciclone, contando com dados preliminares - diz Gan.
Santos observa que num cenário de aquecimento global, em que o painel climático da ONU prevê o aumento da intensidade e da freqüência de supertempestades, esse tipo de previsão salvará vidas.
- Esse conhecimento é importante para planejamento urbano, navegação, atividades portuárias, prospecção de petróleo e turismo, por exemplo - diz Santos, coordenador do projeto "Estudo de Ciclones no Atlântico Sul e Impactos na Costa do Estado do Rio de Janeiro (Ciclones), apoiado pela Finep.
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